Moro diz que massacre no AM é resultado do ‘caos’ na gestão penitenciária
Nove detentos apontados como mandantes do massacre em prisões do Amazonas foram transferidos para presídios federais nesta terça-feira (28). Outros 20 também serão enviados a unidades controladas pelo Departamento Penitenciário Nacional nos próximos dias. No total, 55 presos morreram entre domingo e segunda-feira.
O governo do estado alugou um caminhão frigorífico para armazenar os corpos durante os trabalhos dos peritos, por falta de espaço no IML. O ataque foi motivado por uma disputa entre integrantes de uma mesma facção criminosa.
Os primeiros 15 assassinatos ocorreram no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, o Compaj. O local é o mesmo onde 56 detentos foram mortos em 2017.
O governador do Amazonas, Wilson Lima, disse que as medidas de segurança adotadas desde então evitaram o pior.
“Já havia um trabalho de inteligência indicando que havia um racha entre integrantes de uma mesma organização criminosa, mas não sabíamos exatamente quem seriam os autores e as vítimas. Nós começamos a identificar isso ontem. A medida que aconteceram essas identificações esses detentos eram retirados da cela. Pelo menos 200 detentos estavam jurados de morte e foram retirados das celas evitando que fosse uma tragédia ainda maior”, declarou Lima.
De Portugal, onde participa de um evento sobre corrupção, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro culpou a crise na gestão das cadeias pelas mortes.
“Ali resulta, basicamente do fato de um certo descontrole do poder estatal em relação a essas prisões.; As informações que temos é que houve um conflito entre facções crime dentro do presídio, isso pode acontecer em qualquer lugar do mundo, não deveria pois nós temos obrigação de tentar controlar esses casos específicos”, disse Moro.
Para reforçar a segurança no estado, o Ministério enviou 20 homens da Força Tarefa de Intervenção Prisional, e mais oitenta devem chegar até o fim da semana.
As últimas inspeções nos presídios onde ocorreram o massacre, realizadas no mês passado, atestaram que as unidades estão em condições regulares ou ruins. Já o Compaj é classificado como péssimo.
De acordo com o relatório do Conselho Nacional de Justiça, o presídio tem 244% mais presos do que a capacidade.
O porta-voz da Presidência, Otávio Rego Barros, informou que o governo pretende ampliar o número de vagas para resolver o problema da superlotação.
O contrato com a empresa Umanizzare, que administra o Compaj, termina no próximo sábado, mas a gestora vai permanecer no comando enquanto o governo do Amazonas promove uma nova licitação.
*Com informações da repórter Marcella Lourenzetto
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