Moro: Estou mais preocupado com 2020 do que com 2022

Moro ressaltou que é preciso fazer uma distinção entre liberdade de expressão e fake news

  • Por Jovem Pan
  • 22/06/2020 09h25 - Atualizado em 22/06/2020 09h36
DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro O ex-ministro afirma que em nenhum momento quis prejudicar o governo ou o presidente Jair Bolsonaro

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro declarou que ainda não pensa nas eleições de 2022. “Estamos no meio de uma pandemia e temos problemas sério esse ano, pensar nas eleições seria um desserviço.” Em entrevista à Jovem Pan, ele disse que agora é um momento de antecipar planos. “Tive uma carreira pública, tinha meus planos como ministro até o fim do governo. Estou mais preocupado com 2020 do que com 2022. Estou buscando me reinventar, mas apesar de não querer sair do debate público.”

Neste 22 de junho completam-se dois meses da reunião ministerial que teria sido o motivo principal da saída de Moro no governo. Na ocasião, o ex-juiz da Lava Jato acusou Bolsonaro de querer interferir na Polícia Federal. “Meu plano era continuar no governo, mas não tinha mais condições. Sempre entendi a necessidade de autonomia da PF e quando me foi colocada essa interferência, foi a gota d’água.” Ele também criticou que a pauta anticorrupção foi colocada de lado pelo Planalto. “Não poderia aceitar, era melhor ficar desempregado. Não iria trair meus princípios e minha lealdade ao país.”

Entretanto, Sergio Moro afirma que em nenhum momento quis prejudicar o governo ou o presidente Jair Bolsonaro. “Eu sempre falei a verdade. Quem se desmente, quem se contradiz, quem fala coisas que não fazem sentido não sou eu nessa história. Eu expus os fatos que estavam gravados, mas às vezes as pessoas querem virar o rosto e não ver o que tem. Eu informei porque fui chamado de mentiroso, só quis apontar a existência dos elementos.” Moro confessou que ficou surpreendido com pessoas falando que o vídeo da reunião ministerial era positivo. “Se alguém vê o vídeo e analisa o que aconteceu, soma um mais um e pode tirar suas conclusões. Ali tem confusão e falta de Norte, traição não.”

Questionado se traiu o presidente da República, o ex-ministro Sergio Moro reforçou que “não entrou para servir o mestre, mas sim para servir o país”. “Quando entendi que os interesses do Brasil estavam em segundo plano, quis sair. Tenho dever de falar a verdade, precisava proteger a PF. Tenho simpatia por Bolsonaro, mas acho que ele tem errado muito”, disse. Ele ainda defendeu que em nenhum momento ajudou o presidente a se eleger porque só entrou para o debate após às eleições.

STF

Moro ressaltou que os inquéritos que correm no STF tem grau de controvérsias — e que é preciso fazer uma distinção entre liberdade de expressão e fake news. “O debate público nunca compreendeu ameaças, mas tem notícias que são claramente falsas que são divulgadas por uma rede profissional que tem objetivo de destruir reputação. Se parte do gabinete do ódio, precisa ser apurado. Inventaram até que eu tenho parentesco com Aécio Neves. Isso não é parte do debate, só distorce. Mas críticas e opinião não tem problema nenhum.”

Em relação à pandemia, ainda de acordo com Moro, o STF agiu certo em responsabilizar estados e municípios pela crise causada pela pandemia da covid-19 e declarou que não vê risco de golpe contra a democracia. “Pelas conversas que tive, fico tranquilo. O governo federal devia ter tomados medidas nacionais contra o coronavírus, até para evitar excessos. Como não tomou, por isso o STF teve essa decisão. “O país precisa muito mais da honra do que dos fuzis. Esse discurso aloprados vem do governo, não dos quarteis.”

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