MP pretende colher primeiros depoimentos sobre o prédio que desabou
O Ministério Público espera ouvir nesta segunda-feira (7), os primeiros depoimentos na investigação sobre o desmoronamento de prédio no centro de São Paulo. Deverão falar aos promotores os funcionários da prefeitura responsáveis por laudos sobre a situação do edifício Wilton Paes de Almeida.
Um deles é o engenheiro Álvaro de Godoy Filho, que assinou três relatórios atestando que a estrutura ocupada irregularmente não corria risco de desabar.
As avaliações, reveladas pela TV Globo, foram feitas em novembro de 2016 e março e novembro do ano passado. Em outubro de 2017, após jogo de empurra sobre a responsabilidade pelo edifício, a União repassou a guarda do imóvel à prefeitura de São Paulo.
A secretária de Urbanismo e Licenciamento da capital, Heloísa Proença, disse na sexta-feira que não poderia agir sozinha para desocupar o prédio. “Imaginamos que o MP poderia nos orientar com as medidas cabíveis. Sozinha, a secretaria não tem a prerrogativa de lacrar. Ela precisa de apoio de órgãos como a Defesa Civil e Corpo de Bombeiros, enfim”, disse.
A secretária municipal de Licenciamento, Heloísa Proença, também seria ouvida nesta segunda pelos promotores, mas o depoimento foi adiado.
Trabalhos de busca não param
O Corpo de Bombeiros ainda trabalha em duas frentes, combatendo eventuais focos de incêndio e na procura por possíveis vítimas. Por volta das 17h deste domingo (6), as equipes encontraram a arcada dentária e partes de um rosto humano.
De acordo com o tenente Guilherme Derrite, é provável que os restos mortais sejam de Ricardo Pinheiro, que teve parte do corpo localizada na sexta-feira. “No local onde foi encontrado, também estava a corda. Corda que o Ricardo utilizou, inclusive com o ponto em que ela veio a se romper”, explicou o tenente.
Os restos mortais foram enviados ao Instituto Médico Legal e serão confrontados com o material genético de Ricardo Pinheiro.
Neste domingo, o Fantástico, da TV Globo, divulgou o telefonema que Ricardo fez pedindo socorro. Na ligação, o homem diz à atendente da Polícia Militar que a fumaça era muio tóxica e o fogo se aproximava rapidamente.
A policial tentava acalmá-lo, mas o desespero tomava conta:
_ Tem mais alguém com o senhor, ai?
_ Só eu, teve gente que não conseguiu subir por causa da fumaça. É muito tóxica.
_ Tá, eu vou avisar aqui.
_ Por favor, manda o resgate.
_ Qual o seu nome?
_ Ricardo Oliveira Galvão.
_ Senhor Ricardo, eu vou já vou avisar, tá bom?
_ Por favor, manda o helicóptero. Me tira daqui
Os bombeiros tentavam resgatar Ricardo com uma corda quando o prédio veio abaixo na madrugada do dia 1º de maio. As buscas por desaparecidos no desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida entram no sétimo dia nesta segunda-feira.
*Com informações de Larissa Coelho e Tiago Muniz
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