Mudança climática não tem relação com temporais no Sudeste, diz especialista

  • Por Jovem Pan
  • 05/03/2020 07h02 - Atualizado em 05/03/2020 08h46
LEANDRO FERREIRA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO O Oceano Atlântico está mais frio, porém alguns núcleos ainda quentes formam sistemas que potencializam as tempestades

O calor recorde registrado no começo do ano no mundo, atribuído quase sempre às mudanças climáticas, pode não ter relação com os desastres causados por temporais no Sudeste nas últimas semanas. Grandes volumes de chuva foram registrados em cidades da Baixada Santista nos primeiros dias do mês de março.

Em apenas quatro dias, o acumulado ultrapassou a média esperada para o mês inteiro em Guarujá. Foram quase 400 milímetros de água em 72 horas, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia.

O professor Augusto José Pereira, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, nega que haja relação entre os temporais e o aquecimento global.

“Esses dados indicam que, aqui em particular na região metropolitana de São Paulo, houve um aumento gradativo da temperatura da superfície nesses eventos que chamamos de extremos, mas eles não mudaram muito. Mudou mais as temperaturas ao longos das décadas do que os extremos de precipitação que acontecem de 2 a 500 anos.”

O Oceano Atlântico está mais frio, porém alguns núcleos ainda quentes formam sistemas que potencializam as tempestades. Trata-se de um sistema meteorológico conhecido como baixa pressão atmosférica, como explica o professor Augusto José Pereira.

“E essa umidade não tem a ver com a umidade da Amazônia. Ela veio do Oceano mais próximo, empurrado em direção à encosta e havia uma condição favorável de levantamento, um sistema de baixa pressão. E essa combinação produziu várias horas de chuva ao longo dessa escarpa.”

Segundo especialistas, com a chegada do outono e da redução da temperatura há expectativa de diminuição de chuva.

*Com informações da repórter Livia Fernanda

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