Mudar divulgação dos dados não resolve problema da covid-19, avalia diretor da Transparência Internacional Brasil

  • Por Jovem Pan
  • 09/06/2020 08h56 - Atualizado em 09/06/2020 09h47
Rodney Costa/Estadão Conteúdo Duas pessoas com máscaras de proteção contra a Covid-19 na rua Ele também lembrou a demissão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta e o pedido de demissão de Nelson Teich

Para o diretor-executivo da Transparência Internacional Brasil, Bruno Brandão, a mudança na forma de divulgação dos dados da covid-19 pelo Ministério da Saúde não tem justificativa.

“Foi uma malandragem do governo que não resolve o problema, só gera perda de credibilidade dentro e fora do Brasil. Não é porque você fecha a cortina que o sol deixa de nascer. O problema continua lá. As pessoas vão continuar vendo as mortes, os hospitais lotados. Os estados vão continuar gerando dados e a imprensa divulgando. Isso é muito grave e traz consequências, inclusive, econômicas.”

Em entrevista ao Jornal da Manhã, justificou que “é fácil” usar a decisão do STF, que dá autoridade aos estados e municípios no combate à pandemia, como bode expiatório ao interpretá-la de forma oportunista. “Populismo só agrada seguidores fanáticos e os prejuízos são caros.”

“É um discurso fácil e típico de autoridades populistas que se eximem da responsabilidade que tem para jogar a culpa nos governadores, que estão tomando as medidas necessárias. Os países mais bem sucedidos foram os que conseguiram fazer políticas coordenadas, que é o que falta aqui.”

Ele também lembrou a demissão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta e o pedido de demissão de Nelson Teich. “Tivemos um ministro que foi demitido por ser responsável e depois colocaram outro que não tinha permissão para falar com a sociedade. Agora temos um, interino, que nem formação na área tem. É um desgoverno que está causando consequências letais e também maior dano econômico. A conta ainda vai chegar.”

Bruno Brandão alegou que os problemas de má gestão vão impactar as relação comerciais do país, inclusive a tão desejada entrada na OCDE. “Se isolando, saindo da OMS, o Brasil só vai perder.”

O diretor-executivo da Transparência Internacional Brasil finalizou ao reconhecer que “um governo sério estaria mais preocupado com as subnotificações, que podem chegar a 10x, do que com problemas metodológicos”.

“Há problemas na imprensa também, na forma em que ela divulga os dados. Mas isso não justifica a atitude irresponsável e negligente dos governantes.”

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