Mulheres se mobilizam contra violência no transporte por aplicativos
A escritora Clara Averbuck publicou, na segunda-feira, um relato no Facebook em que conta um estupro sofrido dentro de um carro da Uber.
O caso começou a ser comentado nas redes sociais com as hashtags meu motorista abusador e meu motorista assediador.
Com os comentários, vieram novos relatos de violência contra as mulheres em Uber e táxi.
Em Porto Alegre, a estudante de direito Julia Brito Ospina, de 19 anos, foi vítima de assédio durante uma corrida da Uber: “ele vinha e repetia a frase dizendo que eu era bonita e que eu poderia puxar papo. E eu sempre negava, sempre ignorava. Isso vinha intercalado com olhares pelo retrovisor”.
Em nota, a Uber afirma que repudia qualquer tipo de violência contra mulheres. Informa que o motorista denunciado no caso da escritora Clara Averbuck foi banido da empresa e diz que se coloca à disposição para colaborar com as investigações.
O medo de estar sozinha com um motorista homem não é novidade para as mulheres:
No ano passado, a 99 Táxis, por exemplo, fez uma pesquisa com 60 mil mulheres para saber de que forma elas poderiam se sentir mais seguras quando o tema era mobilidade.
As entrevistadas responderam que desejavam ser guiadas por motoristas mulheres.
Na época em que o aplicativo foi lançado, a advogada e ativista da causa da mulher Rosana Chiavassa participou do Dois Lados da Moeda, um debate promovido na Jovem Pan sobre o tema.
Ela lembrou que, na prática, essa medida é como o vagão cor de rosa e não ataca a causa do problema: “começaram as fragmentações sexistas que nos preocupam muito, como o vagão rosa. Está provado que a violência não diminuiu”.
Em São Paulo, a 99 diz que já cadastrou mais de duas mil motoristas mulheres, mas, a empresa não revela o total de sua frota para sabermos a proporção entre homens e mulheres.
De acordo com a companhia, uma pesquisa respondida por 36 mil passageiros apontou que 70 por cento deles reconheceram a importância desta opção exclusiva para as mulheres.
A empresa afirma que a demanda é maior do que a oferta, tanto que o tempo médio de espera do opcional é de aproximadamente 10 minutos, ou seja: três vezes maior do que numa corrida convencional.
*Informações da repórter Helen Braun
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