Na França, trabalhadores do setor de transportes iniciam greve programada para durar três meses

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 03/04/2018 09h10 - Atualizado em 03/04/2018 09h13
EFE/ Janos Vajda Milhares de trabalhadores do setor de transportes da França deram início a uma greve programada para se estender por três meses

O início de mandato de Emmanuel Macron não tem sido nada fácil, mas atualmente ele começa a enfrentar o maior desafio de seu governo até aqui.

Milhares de trabalhadores do setor de transportes da França deram início a uma greve programada para se estender por três meses.

Os funcionários da estatal ferroviária SNCF começaram a paralisação na noite desta segunda (02). Eles protestam contra o plano do governo Macron de reestruturar o setor, que é altamente deficitário. Como resultado da paralisação, somente um em cada oito TGVs, os trens de alta velocidade que cortam a França, vão circular nesta terça (03).

Nos trens regionais, somente 20% vão operar normalmente. Até o Eurostar, que liga Paris a Londres e Bruxelas será afetado, ainda que em menor escala. Os trens para Espanha, Itália e Suíça estão suspensos.

As paralisações devem se repetir duas vezes a cada cinco dias até 28 de junho. Em outro movimento, os funcionários da companhia aérea Air France também entraram em greve novamente. Os trabalhadores da estatal francesa ferroviária gozam de privilégios como aumento anual automático, aposentadoria antecipada e estabilidade. Por essas e por outras, o governo de Paris afirma que operar um trem na França custa 30% mais caro que em qualquer outro lugar da Europa.

E a partir de 2020 a União Europeia pretende abrir os serviços de trens nos países do bloco para competição com o setor privado. Por isso, Macron insiste na reforma da SNCF, que está causando essa megaparalisação.

Os trabalhadores da estatal afirmam que o objetivo do presidente, no entanto, é privatizar o segmento. E aqui mora um dilema interessante. De fato, o serviço ferroviário francês é deficitário, mas, via de regra, acessível para a população em geral e com um serviço minimamente decente.

Do outro lado do Canal da Mancha, na Grã-Bretanha, o setor é privatizado desde os anos 1990. Os preços hoje beiram o inviável e o serviço deixa tanto a desejar que frequentemente se discute se não é hora de estatizar os trens do país novamente.

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