Na véspera da eleição, impasse político continua na Espanha
Os espanhóis retornam às urnas neste domingo (10) pela segunda vez em pouco mais de seis meses. O objetivo é tentar quebrar um impasse que vem paralisando o país politicamente e, claro, com consequências também na economia.
O problema é que essa eleição não deve resolver muita coisa. De acordo com as pesquisas de opinião, dificilmente alguma das correntes políticas no país – seja a esquerda ou a direita – vai conseguir alcançar maioria no Congresso.
Em Madri, o Congresso 360 cadeiras e, para conseguir a maioria, são necessárias 176 – ou seja, a maioria mais um. O Partido Socialista, que atualmente está no poder, deve conseguir 117 delas, segundo projeções do jornal El País. Considerando a margem de erro, pode chegar, no máximo, até 139. O mesmo acontece com o PP, de centro-direita, um dos mais tradicionais da Espanha, deve alcançar 92 cadeiras – esticando, no máximo, para 113.
Agora, as atenções estão voltadas para o atual primeiro-ministro, Pedro Sánchez, que pode mudar sua tática de negociação. Entre as alternativas, está ampliar o diálogo com os outros partidos da esquerda; tentar algum tipo de união ou até mesmo abrir concessões com partidos como o Podemos, de extrema-esquerda.
A Espanha tem, atualmente, duas questões principais dividindo os eleitores: a polarização que toma conta de todo o Ocidente entre esquerda e direita e um outro tema, bastante delicado – a questão da Catalunha. Apesar de estar pautado no país há alguns anos, o clima em torno do problema está mais tenso por causa da condenação de diversos ativistas catalães nas últimas semanas.
Os protestos tomaram conta de Barcelona e até as partidas de futebol, por lá, tem sido marcadas por manifestações a favor do movimento. A posição de Sánchez sobre a questão sempre foi considerada muito suave em relação ao movimento separatista e, por isso, alguns partidos tem conseguido angariar votos nessa brecha deixada pelo primeiro-ministro.
Além disso, a economia do país vem se recuperando de forma bastante frágil nos últimos anos. O desemprego segue muito alto, acima dos 25% para os mais jovens e, caso o impasse político não seja resolvido, os efeitos na recuperação econômica podem ser devastadores.
*Com informações do repórter Ulisses Neto
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