EUA: Negros e latinos sofrem mais com a pandemia em Nova York

Os latinos correspondem a 34% das vítimas fatais da covid-19

  • Por Jovem Pan
  • 20/04/2020 06h10 - Atualizado em 20/04/2020 08h13
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EFE/EPA/JUSTIN LANE nova york A comunidade latina é a mais afetada pelo coronavírus em Nova York. Os latinos representam 34% das vítimas fatais da covid-19

Em uma Nova York com ruas completamente vazias, uma cena no Queens chama a atenção: são centenas de pessoas usando máscaras, de pé em uma fila que dá a volta no quarteirão e parece não ter fim.

A longa espera é para receber doações de comida, a única opção para pessoas como o Domingo Jimenez, que perdeu o trabalho depois de pegar a covid-19. Ele explica que foi um dos primeiros a pegar o coronavírus e não trabalha faz dois meses. Ele diz que qualquer coisa ajuda, já que não tem praticamente nada.

Em Manhattan, mais uma fila: desta vez, moradores esperam em frente a uma das escolas onde a prefeitura está distribuindo três refeições por dia dores.

A comunidade latina é a mais afetada pelo coronavírus em Nova York. Os latinos representam apenas 29% dos moradores da cidade, mas correspondem a 34% das vítimas fatais da covid-19.

Situação parecida vem acontecendo com a população negra da cidade, que representa só 24% dos moradores de  Nova York, mas corresponde a 28% das mortes por covid-19. Os bairros com maiores índices da doença são os mais pobres, onde essas populações se concentram.

O vice-presidente da organização Catholic Charities Brooklyn and Queens, Richard Slizesky, explica que as comunidades mais pobres apresentam níveis maiores de doenças como asma, diabetes e hipertensão, condições que podem agravar a covid-19. Esses fatores de risco associados ao desemprego acabam criando uma situação muito difícil para essas pessoas.

Mas não é só isso: dados do Departamento de Estatísticas de Trabalho dos Estados Unidos mostram que latinos e negros costumam ter serviços com menor flexibilidade para trabalhar de casa do que pessoas brancas ou asiáticas.

Quem desempenha funções essenciais e continua saindo de casa todos os dias, é claro, está mais exposto ao vírus do que quem consegue trabalhar de casa.

O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, admitiu que algumas comunidades estão sendo mais atingidas pelo coronavírus por causa de desigualdades sociais. Por isso, as autoridades da cidade tentam traçar estratégias específicas para essas populações mais afetadas.

Na segunda semana de abril, o governo abriu mais cinco centros de testes para o coronavírus em locais estratégicos, como o distrito do Brooklyn. No local, o estacionamento de uma loja de departamentos acaba servindo como centro de diagnósticos.

Na fila para doações de comida no Queens, a desempregada Nati Moya diz que gostaria de igualdade, de não ser tratada de forma diferente por ser imigrante.

*Com informações da repórter Mariana Janjácomo

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