Nível do reservatório da Cantareira tem melhora lenta e opera com mais de 50% de sua capacidade

Este é o maior nível registrado para o mês de janeiro nos últimos seis anos, no mesmo período de 2022 o reservatório operava com uma média de 30% do seu nível

  • Por Jovem Pan
  • 29/01/2023 12h03
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RENATO CÉSAR PEREIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Sistema Cantareira Vista da Represa do Rio Cachoeira, do Sistema Cantareira, em Piracaia (SP)

Foram longos anos em que o Reservatório da Cantareira registrou níveis bem abaixo da sua normalidade, mas atualmente tem operado com mais de 50% da capacidade. Em entrevista à Jovem Pan News, o professor da área de hidrologia e gestão de recursos hídricos da Unicamp, Antonio Zuffo, explicou a situação: “A última vez que o sistema Cantareira encheu, e não foram todos os reservatórios foi em 2011. No verão de 2009 para 2010 e 2010 para 2011 alguns reservatórios chegaram a 100%. Mas na média o máximo que ela chegou foi 96%, quase 97%, no dia 21 de janeiro de 2011”.

O cenário tem mudado e, no fim do ano de 2022, o nível do reservatório começou a subir. A subida ainda é lenta, mas os número já são bem melhores. “As chuvas só retornaram em dezembro, que foi acima da média, e em janeiro também acima da média. Mas a recuperação do sistema nesse período chuvoso não chega a 21%. AInda é uma recuperação tímida, apesar da sensação de que está chovendo muito, para os reservatórios ainda foi pouca recuperação”, detalhou Zuffo. Neste momento, o sistema cantareira opera com 51% da sua capacidade, este é o maior nível registrado para o mês de janeiro nos últimos seis anos.

Para se ter uma ideia, em janeiro de 2022 o Cantareira operava com uma média de 30% do seu nível. Mesmo com o maior volume de água, o especialista da Unicamp explicou quanto que o reservatório precisa operar para estar dentro da sua normalidade: “Acima de 60% nós estamos em uma situação de conforto e maior segurança. Portanto, acima de 60% seria o ideal para o reservatório”. A tendência é de mais chuva nos próximos dias, o que deve elevar ainda mais o nível do sistema Cantareira e dos demais reservatórios do Brasil, o que deve manter a situação adequada para garantir a segurança dos meses mais secos do ano, que acontecem entre as estações do outono e inverno.

Além do abastecimento de água, que fica mais garantido, a conta de energia elétrica também deve sentir o reflexo positivo do aumento das chuvas. “Utiliza-se, durante o período chuvoso, a energia produzida pelas hidrelétricas a fio d’água, porque essa água só vai ocorrer durante o período de chuvas. Terminado o período de chuvas, quando a gente entrar no outono as chuvas diminuem, a vazão também, e não se gera mais eletricidade, a quantidade é muito pequena e existe grande redução”, declarou Zuffo. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) confirmou que a bandeira tarifária deve seguir verde, ou seja, sem cobranças adicionais na conta de energia.

Ainda assim, o professor da Unicamp alerta que a economia de água é fundamental: “Independente do reservatório estar cheio ou vazio, nós temos que ter hábitos sustentáveis. Por que eu vou desperdiçar água? O nosso Brasil é rico em recursos hídricos, isso faz com que agente sempre tenha hábitos de desperdício de água, mas isso não é o uso correto (…) Só conhece o valor da água, quem não tem. Independente da haver o reservatório cheio, ou não, vamos usar conscientemente esse recurso”.

*Com informações da repórter Paula Nobre

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