No G20, Zelensky diz que o momento é oportuno para o fim da guerra
Discurso ocorre após a reconquista do território de Kherson, nesta segunda-feira, 14, depois de oito meses de ocupação russa na região
Nesta terça-feira, 15, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, fez um discurso via videoconferência para a cúpula do G20, na Indonésia, a primeira a ser realizada após a invasão russa. O líder ucraniano acredita que “agora é a hora em que a guerra destrutiva da Rússia deve e pode terminar”: “Não permitiremos que a Rússia respire, reconstrua suas forças e inicie um novo episódio de terror e desestabilização”. Mesmo fora do G20, Zelensky foi convidado para discursar no encontro pois a guerra tem sido o principal foco das reuniões dos chefes de Estado e representantes dos países. O discurso ocorre logo após outra fala importante do presidente ucraniano, que declarou o “início do fim da guerra” ao reconquistar o território de Kherson nesta segunda-feira, 14. As tropas russas abandonaram Kherson na semana passada, após oito meses de ocupação, o que representa uma das maiores derrotas russas desde o início da guerra e abre à Ucrânia uma porta de entrada para toda a região, com acesso tanto ao Mar Negro a oeste, como ao Mar de Azov a leste.
“Kherson é o único centro regional que a Rússia conseguiu ocupar desde a invasão de 24 de fevereiro. E agora Kherson está liberado”, destacou Zelensky nesta terça. O líder ucraniano se recusou a fazer concessões para Vladimir Putin e entregou um documento com uma série de propostas apresentadas aos líderes do G20 que incluem esforços para conter a “bomba radioativa” que se formou na usina nuclear de Zaporizhia, tomada pela Rússia, e a garantia de segurança energética para a Europa, que tem sido constantemente ameaçada pelo Kremlin. O presidente classificou as ações de Moscou como uma tentativa de “transformar o frio em uma arma contra milhões de pessoas”. Zelensky também fez um apelo para a adoção de medidas que garantam “o direito à alimentação de cada pessoa no mundo”, em referência ao acordo com a Rússia para a exportação de cereais ucranianos e que expira no sábado, 19.
O presidente ucraniano também pediu a libertação de todos os prisioneiros e deportados, a implementação da Carta da Organização das Nações Unidas (ONU) para restaurar o território integral da Ucrânia e a retirada das tropas russas: “Caros líderes, a paz é um valor global, que é importante para todas as pessoas do mundo. Estou convencido de que também é importante para cada um de vocês”. A cúpula do G20 na Indonésia aumentou a pressão internacional sobre a Rússia, com vários apelos, inclusive de países próximos a Moscou, para encerrar a guerra. Apesar da divisão internacional em torno da invasão, as delegações, incluindo a Rússia, concordaram com um projeto de comunicado final que sublinha o “imenso sofrimento” causado pelo conflito e observa que “a maioria dos membros condenou firmemente a guerra na Ucrânia”.
A carta, ainda pendente de aprovação final pelos líderes, declara que o uso de armas nucleares ou a ameaça de recorrer a elas é “inadmissível”, em mensagem velada ao presidente russo, Vladimir Putin, que não compareceu à cúpula sediada em Bali e enviou seu ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, para resistir à chuva de críticas dos demais líderes. Em comentários posteriores, Lavrov disse que as exigências da Ucrânia para iniciar negociações “são manifestamente não realistas” e acusou o Ocidente de travar uma “guerra híbrida” contra eles.
Presente na cúpula, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, também fez um apelo aos líderes mundiais e pediu um “cessar-fogo temporário” entre Ucrânia e Rússia durante a Copa do Mundo do Catar, que começará no domingo, 20. A fala ocorre dias depois da entidade máxima do futebol pedir que temas políticos sejam evitados no Mundial deste ano. “O futebol é uma força para o bem. Não somos ingênuos em acreditar que o futebol pode resolver os problemas do mundo. Sabemos que nosso foco principal como organização esportiva é e deve ser o esporte, mas porque o futebol une o mundo, esta Copa do Mundo em particular, com cinco bilhões de pessoas assistindo, pode ser um gatilho para um gesto positivo, um sinal ou uma mensagem de esperança”, declarou.
*Com informações da EFE e da AFP
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