Nova estação do Brasil na Antártica terá triplo de laboratórios e custou US$ 100 milhões

  • Por Jovem Pan
  • 02/01/2020 07h49 - Atualizado em 02/01/2020 10h55
Mauricio de Almeida/TV Brasil Os novos módulos foram construídos na China entre 2017 e 2019

Serão inauguradas, no dia 14 de janeiro, as novas edificações da estação brasileira na Antártica. A base Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF) fica na Ilha do Rei George, a mais de cinco mil quilômetros de Brasília.

A estrutura tem 4.500 m² e poder acomodar até 64 pessoas. Ao todo, o governo brasileiro investiu cerca de US$ 100 milhões no projeto.

Serão 17 laboratórios projetados para receber muitos tipos de experimentos. Pesquisadores da Fiocruz e da Agência Internacional de Energia Atômica já anunciaram que vão realizar pesquisas no local.

O contra-almirante Sérgio Guida, gerente do programa brasileiro na Antártica, destacou à TV Brasil o potencial de ampliação da capacidade de pesquisa brasileira. “Nós ganhamos uma grande capacidade de pesquisa. A base anterior tinha cinco laboratórios, até um pouco acanhados, e nessa nós temos 17 laboratórios, com uma capacidade de pesquisa muito grande. Nossos pesquisadores poderão usufruir dela com uma facilidade muito grande”, disse.

A estrutura ainda conta com academia e enfermaria. Os novos módulos foram construídos na China, e a instalação ocorreu nos invernos de 2017, 2018 e 2019.

Para a base ficar acima da densa camada de neve, o prédio foi colocado em um estrutura elevada. Foram usadas 700 toneladas de aço, e os pilares de sustentação atingem até 26 metros de profundidade, tudo isso para garantir que a a estrutura resista às condições adversas da Antártica.

A nova base brasileira foi toda desenvolvida com a preocupação de reduzir a agressão ao meio ambiente, como ressaltou Guida. “Na Antártica a sustentabilidade é tudo, é uma palavra de ordem. Então o Brasil investiu bastante em sustentabilidade e hoje nós contamos com cerca de 30% da nossa energia renovável. Então nós somos um exemplo para a comunidade Antártica em termos e sustentabilidade.”

Parte da energia produzida vêm de placas solares e de uma miniusina eólica, e todo lixo produzido no local é enviado ao Brasil para ser reciclado. Ao todo, 16 militares cuidam da manutenção da base.

Guida falou da importância do Brasil estar presente no continente. “Nós temos que discutir o que é bom para o Brasil: se é bom preservar a Antártica ou se é bom explorar a Antártica, e para isso a gente tem que ter direito a voto e a veto no tratado Antártica. E nós só teremos direito a veto se fizermos pesquisas consistentes na Antártica”, afirmou.

A nova estação ficará no mesmo local da estrutura antiga, instalada em 1984. A primeira base abrigou pesquisadores até fevereiro 2012, quando um incêndio destruiu quase toda a estrutura e provocou a morte de dois militares. Apesar disso, as pesquisas brasileiras continuaram a ser desenvolvidas em uma estação provisória, montada ao lado da base consumida pelo fogo.

*Com informações do repórter Afonso Marangoni

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