Nova Lei Geral do Esporte ameaça transmissão de futebol no rádio

Lei aprovada pela Câmara dos Deputados tem artigos que podem fazer com que emissoras de todos os portes tenham que pagar para transmitir partidas de futebol

  • Por Jovem Pan
  • 09/07/2022 11h58
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ETTORE CHIEREGUINI/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO Estádio Allianz Parque Para especialistas, medida pode prejudicar clubes, emissoras e o público

O Congresso Nacional pode acabar com o acesso da população ao esporte e ao entretenimento através da rádio difusão. O rádio esportivo, como é conhecido por todos, está sob risco. A Lei Geral do Esporte, aprovada pela Câmara dos Deputados, tem artigos que poderão fazer com que emissoras espalhadas por todo o país, independente do porte, tenham que pagar para transmitir partidas de futebol. Para o presidente da Associação de Rádios e Emissoras de São Paulo, Rodrigo Neves, a proposta é descabida, já que trata de um veículo que não só leva entretenimento, mas também presta serviços com informações relevantes aos torcedores que se deslocam às arenas e estádios para acompanhar os eventos. “O rádio é um prestador de serviços, faz o antes, durante e depois do evento. Durante o evento, ele informa sobra trânsito, o que está acontecendo, alguma intercorrência que qualquer evento pode ter. Parece que você cobrar alguma coisa por ele, é uma coisa que você vai penalizar o rádio e, mais o que isso, você vai penalizar todos que estão participando do evento e do evento em si. Não faz sentido você pegar um veículo prestador de serviço e penalizar ele com algum custo que é totalmente descabido”, disse Neves.

A medida pode ser um tiro no pé dos próprios clubes, que deixariam de divulgar seus produtos em um canal tão importante e democrático quanto o rádio, que não escolhe o seu ouvinte, é aberto a todos, independente da camada social. Para o advogado especialista em direito esportivo, José Francisco Mansur, a medida não é boa para o futebol porque todos saem perdendo. “O envolvimento com o esporte que toda uma geração teve foi construído por meio do rádio. Então, é um processo que, economicamente não faz sentido, porque você não vai conseguir gerar grandes valores para os clubes e ao mesmo tempo, vai tirar desses clubes milhões de consumidores potenciais que seriam formados através da transmissão por rádio. É uma conta que não me parece inteligente. Os clubes perdem, o rádio perde muito e a população perde muito porque não vai ter acesso a esse entretenimento e essa cultura esportiva”, disse Mansur.

Neves destaca que a agilidade do rádio é indispensável. “Mesmo você tendo a imagem e as mídias sociais, tudo isso é complementar. É o rádio que tem o pulso, a credibilidade, a instantaneidade na informação. Essa credibilidade a gente vê que não tem nas redes sociais, você vê se é fake ou fato direto. Quando o rádio dá, ela tem credibilidade”, afirma. Esse custo adicional para as emissoras deve inviabilizar as vibrantes transmissões tão aguardadas pelos ouvintes que acompanham seus times. A pergunta que fica é a quem interessa calar um veículo tão importante como o rádio.

Confira a reportagem na íntegra:

*Com informações do repórter Daniel Lian

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