Nove pessoas são presas por desviar remédios de alto custo para tratamento de câncer

  • Por Jovem Pan
  • 31/01/2018 09h27
Carlos Severo/Fotos Públicas Reajuste é feito de acordo com o aumento da inflação entre outras variáveis de mercado Foram cumpridos nove mandados de prisão e 16 de busca e apreensão em São Paulo, Goiás, Espírito Santo e Distrito Federal

Nove pessoas foram presas e são investigadas por desviar medicamento de alto custo para o tratamento de câncer, entre eles, um servidor público.

A Corregedoria Geral da Administração (CGA), do Governo do Estado de São Paulo, e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público, deflagraram na manhã desta quarta-feira (31), a Operação Medlecy 2. Foram cumpridos nove mandados de prisão e 16 de busca e apreensão em São Paulo (Araraquara, Bauru, Guarulhos, Osasco e São Paulo), Goiás (Goiânia), Espírito Santo (Colatina) e Distrito Federal (Brasília).

Os acusados serão indiciados por organização criminosa, crime contra a saúde pública e receptação dolosa qualificada.

A operação é um desdobramento das investigações iniciadas pelo Gaeco/Bauru em abril de 2015, que apurou a atuação de um grupo criminoso que estaria obtendo medicamentos de alto custo de origem ilícita (furto, roubo e desvio de órgão público) para, em seguida, por meio de empresas de fachada, promover a venda desses medicamentos a clínicas e hospitais. As vendas eram realizadas pelo escritório sediado em Bauru, onde inclusive atuavam os líderes da organização.

Ao término dessa investigação, que durou cerca de um ano, o Gaeco ofereceu denúncia contra 15 pessoas residentes em Piratininga, Bauru, São Paulo, Campinas, Ribeirão Preto e Goiânia por organização criminosa, crime contra a saúde pública e receptação dolosa qualificada.

À época, junto com o oferecimento da denúncia, foram cumpridos 12 mandados de prisão preventiva e efetuadas buscas em 37 endereços, além do sequestro de bens. Deflagrada em 19 de maio de 2016, a ação recebeu o nome de Operação Medlecy – nome da empresa de fachada, criada para atuação do esquema.

Os investigados da primeira operação encontram-se respondendo a processo crime perante a 3ª Vara Criminal de Bauru, sendo que oito continuam presos.

Após a primeira ação do Gaeco, a Corregedoria Geral da Administração identificou que caixas dos medicamentos de alto custo recuperadas durante a operação, inicialmente tinham sido vendidas à Secretaria de Estado da Saúde para o tratamento de câncer. Pelos valores de aquisição, cada caixa custava cerca de R$ 8 mil.

A Corregedoria detectou ainda que um dos investigados é um funcionário público do Estado de São Paulo e trabalha como motorista no Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Investigações indicam que entre abril e maio de 2016, o servidor teria recebido R$ 125 mil em depósitos bancários.

As novas provas reunidas deram origem a esse outro procedimento investigatório, que culminou com a deflagração da Operação Medlecy 2.

Os exames dos novos elementos de prova, em conjunto com aquelas obtidas no curso da investigação anterior, permitiram a identificação de novos 11 membros ligados a mesma organização criminosa, sendo que dez deles ocupavam a função de fornecedor de medicamentos de origem ilícita.

A investigação aponta que o grupo criminoso, por meio das vendas desses medicamentos a clínicas e hospitais, obteve faturamento de cerca de R$ 16,5 milhões entre setembro de 2014 e maio de 2016.

Paralelamente ao cumprimento dos mandados, os estoques das farmácias de alguns hospitais estaduais foram vistoriados para identificar eventuais desvios de medicamento ou até mesmo a participação de outros servidores em organização criminosa.

Confira as informações do repórter Tiago Muniz:

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