Novo ministro da Saúde é presidente de entidade que não recomenda uso da cloroquina

Em maio do ano passado, a Sociedade Brasileira de Cardiologia afirmou que não indicava o uso do medicamento sem ter evidências científicas definitivas

  • Por Jovem Pan
  • 16/03/2021 09h39 - Atualizado em 16/03/2021 15h01
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Reprodução/ Facebook marcelo queiroga, novo ministro da saúde Mais recentemente, Marcelo Queiroga foi indicado por Bolsonaro para ser um dos diretores da Agência Nacional de Saúde Suplementar

Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir o Ministério da Saúde, Marcelo Queiroga, de 55 anos, é Presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Natural de João Pessoa, ele se formou em medicina pela Universidade Federal da Paraíba e tem mais de 30 anos de experiência como médico. Queiroga tem um doutorado em andamento desde 2010 em Bioética na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, em Portugal. Atualmente, ele dirige o Departamento de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista do Hospital Alberto Urquiza Wanderley, em João Pessoa, na Paraíba, e é médico cardiologista intervencionista no Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, também na Paraíba. Ele também integra o Conselho Regional de Medicina do Estado.

Com perfil técnico, o cardiologista também participou, como convidado, da equipe de transição do governo dando apoio técnico na área da saúde. Mais recentemente, ele foi indicado por Bolsonaro para ser um dos diretores da Agência Nacional de Saúde Suplementar, mas a indicação ainda não foi votada pelo Senado Federal. Em comunicado de maio do ano passado, a Sociedade Brasileira de Cardiologia declarou que não recomendava o uso da cloroquina e hidroxicloroquina associada, ou não, a azitromicina, enquanto não houver evidências científicas definitivas acerca do emprego em pacientes com a Covid-19. Na ocasião, a entidade alertou que os pacientes que optassem pelo medicamento deveriam ser acompanhados por cardiologistas para avaliação dos efeitos do tratamento. Em evento em novembro, Marcelo Queiroga afirmou que a pandemia evidenciou a importância do trabalho de todos os profissionais da saúde. “Enfrentamos uma emergência na saúde pública mundial. Nunca a população do mundo entendeu tanto a importância dos médicos e dos profissionais de saúde. Nós, os cardiologistas, já nos defrontamos, no nosso dia a dia com uma avalanche de óbitos”, disse na ocasião.

Repercussão

O governador do Piauí, Wellington Dias, principal articulador das vacinas no Fórum dos Governadores, desejou boas vindas ao novo ministro, mas cobrou medidas efetivas à frente da pasta. “E queremos uma coordenação nacional para medidas preventivas, para conter o coronavírus, para apoio, para atendimento aos doentes em toda rede hospitalar do Brasil, para garantir mais vacinas, para mais vacinação. Esse é o caminho, seguir a ciência. A pergunta que faço: é uma mudança de ministro e também de visão do governo federal?”, questionou. O

governador da Paraíba, João Azevedo, parabenizou o conterrâneo e afirmou que Queiroga pode contar com o apoio dos “governadores para acelerar a vacinação para que assim possamos vencer o vírus com base na ciência, pelo bem do Brasil e pela vida do nosso povo”. O governador do Ceará, Camilo Santana, desejou boa sorte ao médico e que “ele tenha todo o apoio e as condições necessárias para fazer um trabalho de acordo com a ciência”. O governador do Pará, Helder Barbalho, pediu união para “enfrentar a pandemia em busca da vacina”. O ministro das Comunicações, Fábio Faria, declarou que “Marcelo Queiroga fará um excelente trabalho à frente do Ministério da Saúde, uma das pastas mais desafiadoras e relevantes”. No entanto, para o senador Cid Gomes, “a nomeação do quarto ministro da saúde em plena pandemia atesta definitivamente a incompetência do governo Bolsonaro”.

*Com informações da repórter Letícia Santini

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