Novo rebaixamento dos juros “não me surpreenderia”, diz ex-ministro da Fazenda
Em entrevista exclusiva a Denise Campos de Toledo, o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega avaliou o rebaixamento da nota do Brasil pela agência internacional Fitch para BB- e o cenário econômico e político atual.
Para Nóbrega, “a decisão da Fitch não teve nenhuma novidade”. “(A agência) não disse nada que a gente não soubesse e acho que até em certo ponto ela exagerou na avaliação do cenário político”, afirmou o ex-ministro.
A agência estrangeira disse em seu relatório que hoje falta apoio a um candidato pró-mercado para as eleições presidenciais deste ano. “É muito cedo para falar sobre esse tema no Brasil”, entende Maílson. “Pesquisa de opinião no Brasil, a gente aprendeu isso há 30 anos, faltando esse tempo para a campanha, não indica muita coisa”, pondera.
Para Nóbrega, a não votação da reforma da Previdência neste ano “não afeta as expectativas”, uma vez que também já era descartada pelo mercado. “Todo mundo prevê crescimento de 3% ou mais”, disse.
Os números de 2018 também demonstram isso. No entendimento do ex-ministro, a prévia do IPCA para fevereiro mostra que “a inflação segue muito mais controlada do que se pensava, abrindo até a possibilidade de nova queda da taxa de juros da Selic”.
“Na decisão em que eles (Copom do Banco Central) tomaram de baixar a taxa para 6,75%, o quadro era exatamente o de hoje”, avalia Maílson. Ele diz que uma nova queda na Selic “não o surpreenderia”.
Eleições
Apesar de considerar que ainda “é muito cedo” para desenhar qualquer cenário, o ex-ministro vê a possibilidade de a corrida ao Planalto deste ano repetir as eleições de 1989, quando “vários candidatos concorrem à Presidência, a média desses candidatos cai e os extremos vão para o segundo turno”.
“Não é descartado um cenário entre um candidato do PT e o Bolsonaro”, disse Nóbrega, embora não veja “alta probabilidade de ocorrência” dessa conjuntura.
O ex-ministro avalia que “há incentivos em torno de um candidato de centro” e observa que hoje tal nome seria o governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB).
Nóbrega entende que siglas que devem se aliar ao tucano fazem hoje um “jogo de cena” para vender caro o apoio.
Sobre a possibilidade de um candidato mais à esquerda e contra as reformas assumir o Planalto, o ex-ministro diz que “as esquerdas não conseguem se libertar de seu passado”, que, em sua visão, causou “o maior desastre econômico” do Brasil.
Nóbrega citou o efeito cascata que tal eleição geraria na macroeconomia, com repercussão na inflação e pressão nos câmbios, o que “abortaria o processo” de recuperação econômica atual.
Maílson da Nóbrega afirmou, no entanto, que “esse é o cenário pessimista de menor possibilidade de ocorrência”.
Ouça a entrevista completa ao Jornal da Manhã:
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