Novos áudios reforçam tese de que Coronel Lima recebeu dinheiro ilegal em nome de Temer
Quatro áudios incluídos no inquérito da Polícia Federal reforçam os indícios de que o presidente Michel Temer recebeu propina da Odebrecht. As gravações foram feitas por funcionários da Hoya Corretora de Valores, empresa do doleiro Álvaro Novis, responsável por fazer entregas de dinheiro a políticos em nome da Odebrecht.
Os arquivos foram entregues por Novis como parte de delação premiada, e obtidos pelo jornal O Globo. Os diálogos são entre os operadores que entregavam o dinheiro em nome da empreiteira e o coronel João Baptista Lima Filho, amigo de Temer.
No primeiro áudio, de 19 de março de 2014, o funcionário fala sobre entregar uma “encomenda” ao coronel Lima, tratado como João. Depois dessa ligação, o coronel Lima ligou para a empresa dele, a Argeplan, e na sequência telefonou para o celular da vice-presidência da República, número usado na época pela chefe de gabinete de Michel Temer.
Minutos depois, ligou diretamente para Temer, em um telefonema que durou 55 segundos. Dois minutos depois, o coronel Lima recebeu outra ligação, desta vez do responsável pela entrega do dinheiro, e acertou os detalhes.
Após essa chamada, o coronel voltou a ligar para Michel Temer: uma ligação que durou quase cinco minutos.
De acordo com a PF, dias depois das entregas concluídas, um interlocutor identificado como Márcio ligou para confirmar se estava tudo certo. Neste diálogo, o coronel Lima reclama que o valor das “atas” estava abaixo do previsto.
De acordo com a PF, a fala é uma referência ao valor da propina.
A Polícia Federal entregou o relatório da investigação, na semana passada, ao Supremo Tribunal Federal. No documento, os investigadores apontam que foram encontrados indícios de que Temer cometeu os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O inquérito apura o suposto repasse de propina para o MDB, a pedido de Michel Temer. A PF informa que Temer recebeu quase R$ 1,5 milhão dos R$ 10 milhões que teriam sido acertados em 2014, durante um jantar no Palácio do Jaburu.
Procurada para comentar os áudios, a defesa do coronel Lima não respondeu às solicitações da Jovem Pan até o fechamento desta reportagem. O Palácio do Planalto afirmou que “não comentaria interpretações que não se baseiam em fatos e são apenas fantasias”.
*Informações da repórter Marcella Lourenzetto
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