“O brasileiro procura a vacina que falta”, lamenta infectologista
Em entrevista à Jovem Pan neste sábado (21), o pediatra e infectologista da UFRJ, Edimilson Migowski, apontou a falta de uma “cultura de vacinação” na sociedade brasileira como uma das causas do aumento de casos de doenças que voltaram a ameaçar o País, como sarampo, poliomielite e rubéola.
O professor avalia que o surto de sarampo, que ocorre especialmente na região norte, não teria acontecido caso a vacinação fosse efetiva. “Se viesse um monte de gente para o Brasil com sarampo e o Brasil tivesse uma cobertura vacinal de 95%, certamente não teríamos uma situação como agora”, disse. Como o sarampo é uma doença que afeta exclusivamente os seres humanos, uma vacinação total da população poderia extingui-la “praticamente”, afirmou.
Ele ponderou que, das doenças da infância, o sarampo é a doença com mais transmissibilidade. “A preocupação é grande, mas tem que garantir que todos nós tenhamos duas doses da vacina no intervalo de um mês até um ano de idade”, disse.
“Não sei se o governo se descuidou”, amenizou o médico. “Acho que houve um ‘comum acordo’, entre população desorientada, doença que teve uma redução e médicos e pessoas mais novas que não viram pessoas morrendo por sarampo”, disse. “Como não se tinham mais casos de sarampo, as pessoas vão negligenciando”.
Sobre a poliomielite, como é uma doença exclusiva de seres humanos, o médico aponta que, “assim como o sarampo, é possível de ser erradicada desde que tenha uma cobertura vacinal de 100%”.
Cultura de vacinação
Migowski entende que o Brasil precisa melhorar sua “cultura de vacinação”.
“O brasileiro procura a vacina que falta”, definiu. “Quando faltou a vacina de febre amarela, todo mundo quis, agora que tem no posto de saúde, ninguém vai mais”, citou o infectologista.
O médico apontou também o fato de o governo ter tido de estender a campanha de vacina contra a gripe. “É importante termos uma cultura de vacinação”, ressaltou.
Dicas
O infectologista estimula as pessoas a checarem suas vacinas e atualizar suas carteiras de vacinação caso não tenham certeza se estão protegidas ou não. “Na dúvida é melhor ir ao posto de saúde, fazer talvez uma segunda dose”, disse, apontando que não há malefícios na medida.
“Quase sempre é melhor dar uma dose a mais que uma dose a menos. Na dúvida é melhor dar uma dose a mais”, disse.
Também não há problema, na maioria dos casos, em a pessoa tomar mais de uma vacina no mesmo dia, “desde que em agulhas separadas, locais(de aplicação) separados”, explicou Migowski. Ouça a entrevista completa:
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