Oito em cada dez veículos abastecidos com GNV em São Paulo estão irregulares, aponta estudo

Quase 70% dos veículos que utilizam o gás em São Paulo nunca realizaram inspeções obrigatórias e não estão registrados nos órgãos de trânsito; risco de explosão é grande

  • Por Jovem Pan
  • 09/02/2022 09h42 - Atualizado em 09/02/2022 12h32
Márcio Fernandes de Oliveira/Estadão Conteúdo Inspeção veicular Inspeção veicular pode evitar risco de explosão provocado por irregularidades no equipamento do GNV

Uma pesquisa em postos de gás natural veicular da capital paulista e região metropolitana acompanhou o abastecimento de cerca de 3 mil automóveis. O estudo feito em conjunto com o Sindicato das Empresas de Inspeção Veicular do Estado revelou que 78% dos veículos abastecidos com Gás Natural Veicular (GNV) estão rodando irregularmente. Quase 8 em casa 10 veículos. Dentre eles, 70% nunca realizaram inspeções obrigatórias e nem mesmo estavam registrados nos órgãos de trânsito como possuidores de GNV. “Muito perigoso, O que pode ocasionar um veículo com GNV é, assim, os danos são imensos, não tem como… Se explodir em um posto de combustível, pode explodir o posto inteiro, pode causar um acidente que atinge quarteirões, com muitas vítimas. É, de fato, muito perigoso”, afirma Jeferson Molina, presidente da Associação Nacional dos Organismos de Inspeção.

O problema foi agravado porque, com o aumento da gasolina e do etanol, muitos brasileiros buscaram essa alternativa para economizar. Segundo dados da Secretaria Nacional de Trânsito, de janeiro a setembro de 2021 foram realizadas mais de 160 mil conversões para gás natural. Um aumento de 86% na comparação com o ano anterior, quando houve 86 mil instalações. Os carros, vans e caminhões devem ser submetidos a inspeção imediatamente após a instalação do sistema. Mas isso raramente acontece. Sem falar nos inúmeros estabelecimentos clandestinos.

O taxista Alessandro Cardoso é uma das raras exceções. Ele conta que tem toda a documentação correta e se mostra preocupado. “Tem lugar que não é confiável. Tem que saber onde você insta o gás. Isso daí é perigoso. Tem que saber onde você instala, e outra, tem que estar tudo documentado para você poder estar circulando”, opina. Jefferson Molina diz que a fiscalização praticamente não existe e indica que um passo para tentar modificar esse cenário é fazer com que os trabalhadores nos postos não fechem os olhos e passem a exigir o selo do Inmetro na hora do abastecimento. “Abastece qualquer veículo. Chegou lá, tem o GNV instalado, o frentista vai lá… o frentista mesmo ele não tem isso, de que ele está colocando a vida dele em risco e de pessoas que estão à volta dele. Porque um veículo que não possui inspeção, que não tem a regularização pode estar com vários problemas no seu kit GNV e pode causar uma explosão. Isso é muito perigoso”, afirma.

A maioria dos postos não exige o selo com medo de perder a clientela. Em caso de acidente o seguro pode se recusar a pagar. Além de estar sujeito a responder por crime de responsabilidade. O cilindro que armazena o GNV é abastecido em alta pressão, suficiente para encher 100 pneus de um carro popular. Se não estiver dentro dos conformes pode provocar incêndios e explosões, levando perigo tanto aos ocupantes quanto aos frentistas. As entidades notificaram postos de abastecimento de gás e secretários de transporte de 74 cidades paulistas onde existem estabelecimentos desta natureza, alertando sobre os riscos. Uma inspeção varia de R$ 280 a R$ 330. Já o kit instalado de última geração custa de R$ 4.500 a R$ 5.300.

*Com informações do repórter Daniel Lian

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