Óleo que aparece na superfície é apenas parte do que foi derramado, diz oceanógrafo

  • Por Jovem Pan
  • 14/10/2019 06h51 - Atualizado em 14/10/2019 09h36
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EFE Mancha atingiu todas as oito capitais costeiras do Nordeste

As manchas de óleo que surgiram na superfície de praias do Nordeste brasileiro são apenas uma parte da quantidade total que foi derramada no mar. A análise é do professor de oceanografia biológica da USP (Universidade de São Paulo), Alexander Turra.

“Ó óleo, quando ele é derramado, ele acaba tendo três caminhos: parte desse óleo vai para o fundo, a gente acaba não vendo, parte volatiliza para a atmosfera e parte fica flutuando. Então a gente está vendo só uma parte do que foi jogado no mar”, explicou.

De acordo com o professor, o óleo está seguindo para duas direções distintas. Uma delas é rumo ao maranhão e a outra é a Bahia, onde há o Parque Nacional de Abrolhos, no extremo sul do Estado. Com quase 88 mil hectares de unidades de conservação, a região é um berçário de reprodução de baleias jubarte e local de sobrevivência de várias espécies em risco de extinção.

Segundo a Petrobras, o óleo encontrado nas praias e analisado pela estatal trata-se de petróleo cru, extraído da Venezuela. Turra explica que essa é uma substância altamente tóxica e prejudicial aos animais marinhos e ao ser humano. “Falando no ser humano, se você chega em uma praia e encontra essas manchas lá e acaba entrando em contato com elas, isso vai gerar uma série de problemas, desde problemas de pele até problemas derivados da inalação dos compostos voláteis que são liberados por esses materiais. Então eles são tóxicos”, disse.

“No ambiente marinho acontece a mesma coisa: os organismos marinhos vão ser afetados não só pelo fato de serem contaminados por essas moléculas, que vão entrar em contato cm o corpo deles via pulmões, no caso de organismos que tem essa estrutura, ou pelas brânqueas, mas também quando esses animais são envolvidos pela própria mancha”, continuou.

De acordo com o professor da USP, ainda não é possível saber qual será o impacto ambiental desse derramamento de óleo porque há consequências que passam pela cadeia alimentar, como o impacto em algas e em pequenos organismos sobre os quais não se tem dados.

Conforme divulgou o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), todas as oito capitais costeiras do Nordeste registraram a presença do óleo. Na semana passada, o governo federal determinou na semana passada uma investigação para apurar as coisas e os responsáveis pelas manchas de óleo. Estão à frente dessa operação a Polícia Federal, as Forças Armadas, o Ibama e o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).

*Com informações da repórter Nicole Fusco 

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