Países europeus mais atingidos por coronavírus tentam reativar economia

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 29/04/2020 08h07 - Atualizado em 29/04/2020 08h36
EFE/EPA/PAOLO SALMOIRAGO A Fitch rebaixou a Itália para um nível acima do chamado "junk" -- ou seja, o país pode perder seu grau de investimento

A dimensão do estrago causado pelo coronavírus na economia global ainda é incerto, mas já está claro que será algo transformador. Aqui na Europa os governos dos países mais atingidos se mobilizam para tentar reativar a atividade econômica já nas próximas semanas.

A movimentação é fundamental para países que dependem muito do turismo — como Espanha, Itália e Grécia. Ainda parece pouco provável que os europeus tenham a possibilidade de voltar a viajar já neste verão no hemisfério norte.

A intenção é, pelo menos, contar com o consumo interno no período em que o continente costuma estar mais movimentado.

Espanha

Na Espanha, o governo de centro-esquerda anunciou na terça (27) o chamado Plano de Transição para uma Nova Normalidade.

O nome já sugere que o país não deve voltar ao que era antes tão cedo, ainda que indique um caminho a ser seguido nas próximas semanas. Serão quatro fases que devem levar a uma reabertura completa em até oito semanas — se o vírus for controlado até lá.

O primeiro-ministro Pedro Sánchez mantém o tom cauteloso e ressalta que a flexibilização da quarentena será gradual, assimétrica e coordenada. Os espanhóis vão continuar proibidos de viajar entre as províncias do país por enquanto para tentar evitar uma segunda onda de contaminações.

Cerca de 12% do PIB espanhol vem da indústria do turismo e por isso é especialmente importante para o país vislumbrar alguma chance de salvar o período do verão de uma quarentena como a que acontece agora.

Itália

O mesmo ocorre na Itália. Aeconomia do país que já estava em situação delicada antes desta crise agora parece ainda mais vulnerável. O nível de endividamento dos italianos deve subir para 170% do PIB local até o que vem, o que fez com que agências de classificação de risco rebaixassem a nota de crédito do país.

A Fitch rebaixou a Itália para um nível acima do chamado “junk” — ou seja, o país pode perder seu grau de investimento dizendo que o aumento nos níveis de dívida resultantes da crise do coronavírus pressiona as dúvidas sobre a sustentabilidade dos empréstimos de Roma.

França

A França vai começar a flexibilizar a quarentena a partir de 11 de maio, mas o processo será bastante lento justamente para também proteger a economia. O primeiro-ministro Edouard Philippe reconheceu que o país não terá como aguentar uma segunda onda de contaminações.

Por isso, bares e restaurantes vão permanecer fechados, viagens para mais de 100 quilômetros de distância estão proibidas e os eventos esportivos e culturais seguem banidos até setembro.

Reino Unido

Na Grã Bretanha, onde só agora os testes em massa na população estão começando para valer, ainda não há um plano oficial de reabertura. A principal companhia aérea do país, a British Airways, anunciou que terá que demitir 12 mil dos seus 42 mil funcionários.

A empresa relata que serão necessários vários anos para recuperar a indústria de aviação para os níveis pré-coronavírus, em outra indicação de que a vida ainda vai demorar para voltar a ser como era antes.

Morre Irrfan Khan

Antes de encerrar, um outro destaque aqui na Inglaterra é a morte do ator indiano Irrfan Khan, que ficou conhecido mundialmente por estrelar grandes produções como As Aventuras de Pi, Jurassic World e Quem Quer Ser um Milionário?.

Khan tinha um tumor raro e recebeu tratamento aqui em Londres, mas não resistiu a doença. Ele tinha 53 anos de idade.

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