Paraisópolis tem somente duas ambulâncias contratadas; ONG exige posto do SAMU dentro da comunidade

Serviço mantido pela iniciativa privada e parceiros é usado para atender os mais de 100 mil moradores; SAMU não acessa a comunidade por ‘dificuldade de locomoção’

  • Por Jovem Pan
  • 19/12/2020 10h02
EFE/ Fernando Bizerra coronavirus-brasil-favela Paraisópolis é a segunda maior favela de São Paulo

A Organização Não Governamental (ONG), G-10 Favelas, que fica em Paraisópolis, dispõe hoje de duas ambulâncias para atender mais de 100 mil moradores. A demanda é grande para pouco transporte de emergência, como conta Rejane dos Santos, co-fundadora da ONG. “Imaginávamos que a pandemia ia durar três meses e são mais de 300 dias e estamos com a contratação de apenas duas ambulâncias, porque não conseguimos manter. Quem mantém as ambulâncias é o patrocínio de empresas privadas e parceiros da comunidade”, diz. A Jennifer é moradora da comunidade há um ano e precisou do serviço de ambulância. Ela conta o sufoco que passou depois de dar a luz ao Derick, de seis meses. “Choveu e eu tive que tirar os baldes de água e minha cesárea abriu… Eu não sabia o que fazer, até liguei pra minha cunhada e disse que não sabia o que fazer com a cesárea aberta e com dor. Ela virou pra mim e falou, ‘eu sou presidente de rua e tenho ambulância aqui do Paraisópolis, vou chamar eles pra ir aí rapidinho’. Na hora que ela ligou, já me falou, ‘Jennifer, eles tão aí na sua porta já'”, relata.

Jeniffer diz que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, o SAMU, tem dificuldades de deslocamento na região. “O SAMU não vai vir aqui ao mesmo tempo, mesmo se você falar eu moro em tal lugar, eles vão ficar lá em cima em um lugar mais aberto possível, porque eles vão ter medo”, afirma. Paraisópolis é a segunda maior favela de São Paulo. E, por causa da dificuldade de atender todos que moram aqui, o G-10 resolveu entrar na justiça para exigir que a prefeitura da capital paulista instale um posto do SAMU dentro da comunidade. “Nós entramos com uma ação para que a prefeitura, o governo do estado e federal possam de fato garantir os serviços de SAMU dentro da comunidade, porque a justificativa que hoje é apresentada não é plausível. O SAMU não consegue acessar a comunidade, mas várias outras empresas acessam. Hoje temos carro-forte que acessa a comunidade, grandes empresas que acessam, e as justificativas não são plausíveis, e a nossa ambulância contratada já há vários meses circula na comunidade 24h. O governo precisa garantir o direito do cidadão”, diz Rejane dos Santos.

Em nota, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Saúde, diz que o acionamento do SAMU deve ser feito sempre pelo telefone 192. A partir da ligação, a Central de Regulação tria os casos e aciona as ambulâncias. A base do SAMU destinada ao atendimento daquela região fica na AMA PARAISÓPOLIS l, localizada na Rua Silveira Sampaio, 160, que fica dentro da comunidade de Paraisópolis. De janeiro até 10 de dezembro deste ano, essa base SAMU realizou 1.712 atendimentos para hospitais e Equipamentos de Saúde da região Sul. Segundo a prefeitura, a dificuldade enfrentada pelas ambulâncias refere-se a algumas ruas existentes no local serem muito apertadas, o que pode afetar o tempo de resposta de veículo mais largo do SAMU.

* Com informações da repórter Mônica Simões

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