Paris espera que Reino Unido se alinhe a UE; Johnson prefere regras da OMC

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 14/02/2020 08h17 - Atualizado em 14/02/2020 09h21
EFE boris johnson brexit Se os britânicos não se mantiverem alinhados nessas diretrizes, os europeus podem acabar impulsionando as empresas da Grã Bretanha

As negociações para um acordo de livre comércio entre Reino Unido e União Europeia ainda nem começaram, mas os dois lados já estão se estranhando. Como tudo relacionado ao Brexit, essa nova fase do processo de separação promete ser bastante tensa e cheia de impasses.

O presidente francês, Emmanuel Macron, já deixou claro que quer endurecer para o lado dos vizinhos. O governo de Paris, que na prática tem sido o líder das negociações com os britânicos, espera que o Reino Unido se alinhe aos padrões da União Europeia em questões ambientais, trabalhistas e sociais.

A preocupação do bloco é manter os custos de produção aqui na Grã Bretanha alinhados ao que o continente tem e pretende ter. Por exemplo, a União Europeia quer ampliar ainda mais suas leis de proteção ao meio ambiente nos próximos anos para combater o aquecimento global. Mas isso tem um custo alto – principalmente para a indústria e o agronegócio do continente.

Se os britânicos não se mantiverem alinhados nessas diretrizes, os europeus podem acabar impulsionando as empresas da Grã Bretanha — o que no longo prazo criaria um competidor desleal à sua porta e com livre acesso ao mercado europeu.

Acontece que os britânicos não estão dispostos a aceitar esse alinhamento automático, até porque o país votou para seguir o seu próprio caminho. O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, já avisou que prefere fazer comércio com a União Europeia pelas regras da OMC a ter que aceitar as regras do bloco.

Na prática, o Reino Unido pode acabar fazendo trocas comerciais com a União Europeia pelas mesmas regras que o Brasil faz atualmente já no ano que vem.

Johnson está fortalecido pelo resultado das eleições recentes. Na quinta-feira (13) ele anunciou uma surpreendente reforma ministerial e a queda mais inesperada foi a do secretário do tesouro, Savid Javid.

A troca no cargo ocorreu porque o governo britânico está disposto a abrir o cofre e ampliar significativamente os gastos públicos, sobretudo em obras de infra-estrutura. É uma tentativa do conservador de movimentar a economia e garantir o voto conquistado em áreas que tradicionalmente eram dos trabalhistas.

A cotação da libra esterlina subiu bem em relação ao dólar e ao euro — contra o combalido real então nem se fala. Uma libra hoje vale quase R$ 5,70.

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