‘Parlamento não pode ficar a serviço do jogo eleitoral’, diz Marcos Rogério sobre CPI do MEC

Senador é contra a abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar as denúncias no Ministério da Educação

  • Por Jovem Pan
  • 29/06/2022 11h47 - Atualizado em 29/06/2022 15h42
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Pedro França/Agência Senado Senador Marcos Rogério do PL-RO Marcos Rogério senador do PL-RO

Com a assinatura de 31 senadores, o pedido de instauração da CPI do MEC, que visa apurar as denúncias de corrupção no Ministério da Educação, foi protocolado no Senado Federal na terça-feira, 28, mas o governo ainda tenta impedir a investigação. Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, o deputado Marcos Rogério (PL) falou sobre as expectativas em relação à possível instalação da CPI, rejeitou a necessidade de abertura do inquérito e alegou que o interesse da oposição é meramente eleitoral. “O parlamento não pode ficar a serviço do jogo eleitoral. Embora o parlamento seja uma composição política, o jogo e a disputa eleitoral têm um momento próprio e um ambiente próprio”, declarou o parlamentar. “A oposição se movimenta com a intenção de instaurar mais essa CPI na busca de fazer este enfrentamento político ao presidente Jair Bolsonaro. Na verdade, o que a oposição quer não é investigar, não é apurar os fatos. Isto já está acontecendo no âmbito da CGU e no âmbito da Polícia Federal. O que há aqui é uma tentativa de criar uma CPI para um embate do jogo eleitoral”, argumentou. Sob a liderança de Randolfe Rodrigues (Rede), a oposição já coletou as assinaturas necessárias para abertura da comissão e aguarda o parecer do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MDB).

Marcos Rogério acredita que Pacheco deveria priorizar as CPIs que foram apresentadas antes, apesar de não haver nenhuma regra no regimento do Senado que exija este critério. O deputado argumenta que não há a necessidade de um inquérito parlamentar para investigar as suspeitas de corrupção e tráfico de influência no MEC: “Temos outras pendentes: a CPI que apura obras inacabadas do próprio MEC, sobre financiamento estudantil, ONGs e outras. Eu entendo que não há, neste momento, necessidade deste açodamento para a instalação de uma CPI como esta senão com este objetivo meramente político e que servirá apenas ao jogo eleitoral”. “É uma questão de lógica, uma questão de bom senso. O parlamento não pode ficar a serviço do jogo eleitoral, embora o parlamento seja uma composição política, o jogo e a disputa eleitoral tem um momento próprio e um ambiente próprio para isso. O Senado Federal tem temas mais importantes para debater. Estamos com uma reforma tributária que não sai, que não anda. É um tema que, a despeito da disputa eleitoral, o Brasil espera. Você furar a fila de uma série de propostas de CPI para colocar esta por conveniência do jogo eleitoral não acho que seja legal”, apontou.

O parlamentar também foi questionado a respeito das alegações da senadora Rose de Freitas (MDB), que acusou Randolfe Rodrigues de ter fraudado seu nome na lista de senadores em apoio da CPI. Para Randolfe, a alegação da senadora é “inverossímil”, já que, segundo ele, no mesmo dia em que Rose pediu a adição da sua assinatura da lista por meio do Sistema de Envios de Documentos Legislativos (Sedol), ela também pediu, pela mesma via, a retirada da própria assinatura. A respeito do caso, Marcos Rogério defendeu a senadora e classificou o episódio como uma “violação de prerrogativas parlamentares na tentativa de fraudar a lista de senadores que apoiavam a CPI”. “A própria senadora veio a público para falar que na lista, que constava seu nome, ela não tinha assinado, era uma fraude. Acho que ele não esclareceu nada. Entre a narrativa do senador Randolfe e o depoimento da senadora Rose eu fico com o depoimento dela. O apoiamento a uma CPI é um ato decisório do parlamentar. Se o parlamentar vem a público e diz ‘eu não apoiei, eu não assinei, eu não apoio’ não há argumento no planeta que vá sustentar a validade deste ato”, justificou o deputado.

A respeito das investigações em curso, Marcos Rogério ressaltou que foi a Controladoria Geral da União (CGU) que pediu a apuração do caso a pedido do próprio MEC e exaltou a postura do governo. “Aqui está uma diferença entre o atual governo e governos do passado quando se tentava encobrir fatos, provas e desviar a atenção da mídia. Aqui, não. Apura-se e busca-se a verdade doa em quem doer”, opinou. O político também foi perguntado sobre a possível composição da CPI, que tende a ter os mesmos quadros da CPI da Pandemia, e demonstrou descontentamento com os líderes partidários que apontam os nomes da comissão. “O governo não tem ampla maioria no Senado Federal e, havendo a instalação de uma CPI como esta, caberá aos líderes fazer as escolhas. E, como nós estamos no período pré-eleitoral, muitos partidos que têm assento no Senado Federal farão estas escolhas também com esse filtro do jogo eleitoral. É mais do mesmo. O Senado Federal vai repetir o papelão que aconteceu na CPI da Pandemia. Você não pode esperar resultados diferentes quando os atores são os mesmos”, argumentou.

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