Com perdas superiores a R$ 122 bilhões, crise no setor hoteleiro se agrava
O governo até chegou a apresentar ações para a recuperação do setor, mas as medidas não foram suficientes
Mesmo com a flexibilização da quarentena, os segmentos de hotelaria e turismo continuam sofrendo os impactos causados pela pandemia do coronavírus em várias regiões do país. Só o setor turístico, um dos mais afetados, acumula perdas superiores a R$ 122 bilhões. O governo até chegou a costurar uma série de ações entre abril e maio, com pacotes emergenciais para alívio financeiro, mas a medida não foi suficiente para conter os estragos. Segundo o presidente do Instituto de Desenvolvimento, Turismo, Cultura e Meio-Ambiente de São Paulo, Bruno Omori, a recuperação dos segmentos será lenta. “Primeiro no turismo de lazer, ou seja, nas praias e litorais tanto do Sul quanto do Norte e no interior de lazer. E o mercado de turismo de negócios ainda está muito contraído porque não voltaram as feiras, congressos e eventos. As pessoas ainda estão trabalhando no mercado online. A gente precisa que sejam retomados os eventos, sejam retomadas as feiras e tudo seja normalizado. Até porque os protocolos de segurança estão todos prontos e têm toda confiabilidade para passar segurança tanto para o colaborador quanto para o hóspede.”
Vítima desse cenário, um dos símbolos do setor hoteleiro paulistano, o Maksoud Plaza, entrou com pedido de recuperação judicial avaliado em R$ 81 milhões. O hotel de luxo voltou a funcionar no dia 4 de setembro, depois de quase seis meses de portas fechadas, mas com uma taxa de ocupação de apenas 3%. A companhia também demitiu, na semana passada, metade de seus funcionários, devido à falta de recursos em caixa para as despesas. Em nota, o Maksoud Plaza e a controladora, a Hidroservice Engenharia, afirmaram que a “recuperação judicial foi a única alternativa encontrada pelo grupo e que é a melhor maneira de honrar os compromissos”. Para o advogado Ricardo Amaral Siqueira, o instrumento é importante em tempos de crise. “A empresa em crise, alvejada por uma série de execuções, fica sem capital de giro e a última análise fica sem faturamento, fazendo com que ela não consiga cumprir a sua função social, que é gerar empregos, pagar tributos e, basicamente, garantir a manutenção de toda cadeia que dela depende”, explica. Se aceita pela Justiça, a recuperação suspenderá por 180 dias as ações e execuções de cobranças contra o empreendimento. O pedido também permitirá que o hotel renegocie prazos, formas de pagamento e refinancie dívidas trabalhistas e com credores.
*Com informações da repórter Letícia Santini
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