Petróleo pode estender sobrevida do regime na Venezuela, diz diplomata
Em entrevista ao Jornal da Manhã nesta segunda-feira (21), o ex-embaixador nos EUA e na Itália e ex-representante do Brasil na ONU, Rubens Ricupero, avaliou a crise política na Venezuela, que reelegeu o presidente Nicolás Maduro neste domingo (20) em pleito boicotado e contestado pela oposição.
Ricupero avalia que o resultado era “muito previsível”, uma vez que “os líderes mais expressivos da oposição estão isolados fora do país ou presos”. O principal opositor a Maduro, o ex-governador Henri Falcón, era alguém sem muita expressão, diz o diplomata. Teria surpreendido, isso sim, se tivesse havido uma grande participações nas urnas, afirmou.
Com um modelo de cerco à oposição “muito calcado em Cuba”, afirma Ricupero, “esses regimes costumam durar devido à repressão, mesmo que haja um declínio muito grande no nível de bem estar da população”. E, para o ex-embaixador, o “ritmo no desgaste” social que a crise econômica tem causado na Venezuela tende a diminuir.
Uma vez que o país depende muito do petróleo, o “pequeno alívio” no preço do combustível deve dar uma “segunda vida” ao regime. “Talvez reduza o ritmo desse desgaste pela tendência do aumento do petróleo”, disse.
Outro entrave a uma “solução democrática” para a Venezuela, na visão de Ricupero, é a forte ligação de membros do exército do País à política e a cargos nas estatais. “O regime teve o trabalho de cooptar as forças armadas , colocando generais na vida política, grandes estatais. O destino deles está intimamente ligado ao destino do regime”, apontou.
“Não há uma saída democrática e tampouco se vislumbra uma saída não democrática”, projetou o diplomata, lembrando que “as instituições praticamente unânimes do país foram moldadas pelo Executivo” na Venezuela.
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