Planalto minimiza ‘rebelião’ de líder do PSL e vê ação da PF como limite para Bivar
O presidente Jair Bolsonaro não teria sido informado com antecedência da operação da Polícia Federal de busca e apreensão em endereços do presidente do PSL, Luciano Bivar, desafeto do presidente da República.
O ministro da Justiça, Sergio Moro, esteve no meio da tarde com o presidente no Palácio do Planalto. A pauta do encontro não era essa, mas a operação acabou sendo discutida por eles.
Na semana passada, o presidente afirmou a um turista na porta do Alvorada que Bivar estava queimado – o que foi o pontapé inicial da crise interna na legenda.
Aliados de Bivar reclamam do tratamento diferenciado dado por Bolsonaro às denúncias. O presidente do PSL é criticado enquanto que o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, acusado das mesmas irregularidades, se mantém firme no cargo.
O porta voz da presidência, Otávio Rego Barros, admite que o Governo avalia os dois casos de forma diferente. “No caso do ministro do Turismo o presidente vem acompanhando e aguarda as elaborações e definições da PF, MPF e, no todo, da Justiça. No caso do presidente do PSL, por desconhecer detalhes, ele não as comenta.”
Dentro do Governo a avaliação é de que a operação da Polícia Federal fortalece a tese de que é preciso mais transparência dentro do partido. O grupo do presidente Jair Bolsonaro considera que esse é o argumento jurídico buscado para embasar uma saída em massa da legenda, sem que os deputados percam os mandatos.
Uma outra tese também ganha força: a necessidade de que o atual presidente da sigla, Luciano Bivar, se afaste da presidência da legenda. A deputada Carla Zambelli, que corre o risco de ser expulsa por conta de criticas à executiva do PSL, admite que a indicação de um nome ligado ao presidente Bolsonaro na direção do partido pode evitar a debandada.
Críticas
No Congresso Nacional, aliados de Bivar não poupam críticas ao Governo.
O líder do PSL na Câmara, delegado Waldir, reclama do tratamento diferenciado e, de acordo com ele, essa briga interna foi como uma tempestade. Ele ressalta que todos no partido são bolsonaristas e negou a possibilidade de expulsões na legenda.
Apesar do discurso conciliador, o líder orientou nesta terça-feira (15) a bancada na Câmara para obstruir a votação da Medida Provisória que muda a estrutura do Governo. A obstrução foi curta, mas serviu para mandar um recado ao Palácio do Planalto: sem o apoio maciço da legenda, o Governo pode ter problemas em votações – uma vez que o PSL tem se mostrado o partido mais fiel às propostas do presidente Bolsonaro lá no Congresso.
No Palácio do Planalto, o objetivo foi demonstrar normalidade. Logo pela manhã desta terça o presidente comandou a reunião do chamado Conselho de Governo e, no fim do dia, ainda participou de uma solenidade.
*Com informações da repórter Luciana Verdolin
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