Plano de Boris Johnson para Brexit é recebido com receio pela UE

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 03/10/2019 09h00 - Atualizado em 03/10/2019 11h35
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EFE/EPA/IAN LANGSDON Boris Michel Barnier, negociador chefe europeu para o Brexit, disse que há um avanço na negociação, mas que ainda é possível melhorar

O plano para um acordo sobre o Brexit apresentado na quarta-feira (2) foi recebido com receio pela União Europeia. O que, nesta altura, do campeonato pode até ser considerado como algo positivo, já que ninguém fechou a porta completamente para a ideia.

Faltando menos de um mês para a data limite da separação, os europeus analisam nesta quinta (3) o texto antes de pedir mais detalhes sobre a ideia.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, quer criar um período de transição para o comércio com o bloco para proteger a fronteira das Irlandas. Depois disso, seria criado um esquema especial para a Irlanda do Norte, que seguiria atrelada às regras europeias para evitar que a circulação de produtos na região fosse submetida a um controle alfandegário tradicional.

É uma questão técnica complexa e sem precedentes. O ponto que os europeus olham com mais desconfiança é o fato de que o parlamento autônomo norte-irlandês terá o poder de vetar a solução proposta por Londres a qualquer momento a partir do ano que vem. Isso, na visão de Bruxelas, poderia expor a área de livre comércio a riscos que o continente não está disposto a correr.

A República da Irlanda não demonstrou grande entusiasmo com a proposta, mas prometeu analisá-la com cuidado.

Michel Barnier, negociador chefe europeu para o Brexit, disse que há um avanço na negociação, mas que ainda é possível melhorar.

Nas entrelinhas, é possível perceber que a União Europeia não quer parecer intransigente nem ser responsabilizada por um Brexit sem acordo. Até por isso os burocratas do bloco demonstraram algum interesse em ouvir o plano de Boris Johnson, por mais mirabolante que ele parece.

Por ora, as chances de um entendimento entre os dois lados ainda parecem pequenas, mas não são totalmente nulas.

Lembrando que Johnson também precisa convencer seu público interno – até porque a proposta precisa ser aprovada na Câmara dos Comuns em Londres onde o Governo não tem mais maioria.

Se fosse preciso apostar, atualmente o desfecho mais provável para esta história toda parece ser o Brexit, sem acordo mesmo, em 31 de outubro – até porque a União Europeia não demonstra disposição para prolongar essa conversa toda por muito tempo.

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