PM ainda não conversou com nenhum outro órgão sobre as ocupações
Até agora a Polícia Militar de São Paulo não foi convocada para nenhuma reunião com nenhum outro órgão que tem a ver com o desastre desse 1º de maio. O desabamento do Edifício Wilton Paes de Almeida é consequência do desleixo de várias esferas do governo como um todo. A começar pelo Federal, que era o dono do prédio, mas lavou as mãos para o problema das invasões e tentou a todo custo empurrar pra frente a propriedade do imóvel pra se livrar da bucha.
Tão culpada quanto é a Prefeitura, que demonstrou interesse quando começou a cadastrar as famílias sem teto, mas parou por aí. No dia que o prédio caiu, o prefeito Bruno Covas disse que só esse ano eles já tinham se reunido seis vezes com os moradores para tentar fazer com que eles saíssem amigavelmente de lá.
Seis vezes e ninguém resolveu absolutamente nada. Sem contar, a desastrosa conclusão da Defesa Civil que disse pro Ministério Público no ano passado que o prédio não corria nenhum risco. Precisou um vizinho enxergar uma rachadura e denunciar.
O Corpo de Bombeiros já tinha feito um laudo também sobre a falta de equipamentos contra incêndio, mas não foi ouvido. Aliás, o Governo do Estado teve outro trabalho em vão também. Porque a Polícia Militar já tinha desocupado o mesmo prédio de outros invasores. É a ela que compete esse tipo de intervenção quando a Justiça toma uma decisão de reintegração de posse.
E justamente a PM até agora não foi incluída em nenhuma conversa de ação conjunta com mais ninguém. O próprio comandante da Polícia Militar, o Coronel Marcelo Vieira Salles, disse isso nesse fim de semana quando foi até o Largo Paissandu acompanhar os trabalhos dos Bombeiros. “Não é um problema simples, mas tratado com objetividade temos certeza que com o Estado, quando falo Estado não me refiro apenas ao ente federativo de São Paulo, vamos trabalhar a várias mãos. Existem inquéritos civis instaurados, existe todo um rito legal instaurado. É preciso saber para onde vai levar essas pessoas. Não é simples, é complexo”, declarou Salles.
Segundo os cálculos do Prefeito Bruno Covas, há outros 70 prédios que se desconfia que podem estar na mesma situação que o Edifício Wilton Paes de Almeida estava. Mas se ninguém pelo menos se falar para tentar resolver o problema, vai ficar difícil evitar um novo desastre.
*Com informações do repórter Caio Rocha
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