Popularidade de Macron despenca e França aguarda com apreensão proposta de reforma trabalhista
A lua de mel entre os eleitores franceses e o presidente Emmanuel Macron durou menos que o imaginado. A popularidade dele despencou e agora o país aguarda com apreensão a proposta de reforma trabalhista que será apresentada nesta semana e deve trazer muitas turbulências pela frente.
Na próxima quinta-feira o governo de Paris deve introduzir seu plano para reduzir o desemprego, que anda na casa dos nove por cento, a taxa mais alta entre as economias de peso do continente. Aqui no Reino Unido, por exemplo, ela é a metade disso, 4,5%, e na Alemanha ainda menor, abaixo de 4%.
Macron foi eleito prometendo reformas, mudanças estruturais, a favor dos negócios, mas também com um viés social, nem tanto liberal, nem tanto socialista.
Encontrar a dosagem que agrade a todos, entretanto, não é fácil. E mesmo com ampla maioria na Assembleia Nacional, Macron deve enfrentar forte reação das ruas contra suas propostas.
Centrais sindicais como a CGT e o movimento liderado pelo extrema-esquerda Jean Luc Melenchon já convocaram grandes protestos para as próximas semanas para tentar barrar as propostas de mudança nas leis trabalhistas, que incluem a flexibilização das demissões e a possibilidade dos empresários negociarem acordos de classe diretamente com os sindicatos regionais.
Os presidentes da França tentaram promover uma reforma trabalhista no país nos últimos 20 anos, todos sem sucesso até aqui. O país – talvez até ainda mais que o Brasil – não costuma ser tolerante às propostas de reformas.
A presidência de Emmanuel Macron, embora ainda esteja em seu período inicial, poderá ser definida pelo sucesso – ou fracasso – em negociar o avanço das propostas trabalhistas sem que parte da população se sinta prejudicada.
Além dos vinhos, os franceses também são especialistas em fazer manifestações. E a mobilização deste momento indica que protestos e paralizações de larca escala estão por vir.
Há quem classifique a situação na França como um grande barril de pólvora prestes a explodir. O ‘não-político’ eleito presidente vai ter que mostrar uma habilidade que seus antecessores realmente não foram capazes de mostrar.
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