Por que a deflação apontada pela IPCA não é notada pelo consumidor?

  • 08/07/2017 13h59
Foto: Jaelson Lucas/SMCS Fruta em exposição em um mercado Consumidor não consegue perceber imediatamente deflação nos números

A queda nos preços de energia elétrica, alimentos e combustíveis em junho fez o país ter a primeira deflação em muito tempo. Um recuo tímido, de 0,2%. Mas um passo para trás que, segundo o IBGE, não víamos há 11 anos.

O que é considerado um bom sinal pelos economistas gera indignação na outra ponta. Não é senso comum entre consumidores de que é possível sentir algum alívio no orçamento

“Não está mais barato”, diz uma. “A diferença de preço não chega aos supermercados”, afirma outra. “Pelo contrário, cada vez que você vai ao mercado, as coisas estão mais caras, assim como as contas”.

Apesar de os alimentos serem um quarto da despesa do trabalhador. É um conjunto de fatores que levam à deflação.

Segundo Professor dos MBAs da FGV, Mauro Rochlin, é preciso levar em conta o reflexo do acúmulo de muitos anos de inflação alta, além do clima de incerteza em meio ao desemprego ainda em níveis elevados.

Róchilin explica o que caiu foi o ritmo de alta dos preços. Não o preço em si. “O que nós temos verificado por enquanto é uma queda da inflação. Em particular no mês de junho a gente verificou deflação, mas aí se refere a um mês especificamente. Se a gente olhar para 12 meses, houve alta de preço de 3%. Poxa, é muito menos que de dois anos atrás, quando era de 10%, mas houve alta”.

Após picos tão altos de inflação, o consumidor perde a capacidade de percepção porque compara os preços com o período anterior.

O que acontece também é uma visão micro de um levantamento macro, que é o IPCA,  feito com base em análise de preços em 10 capitais do país.

“A pessoa pensa que, porque o preço do pão da padaria subiu, a inflação vai subir. Mas este é apenas um evento. E o cálculo do IPCA é resultado de milhares de informações de preço. A nossa percepção pessoal é uma realidade de fato que não é exatamente igual ao movimento dos preços no País”.

Outro aspecto ressaltado pelo professor é a perspectiva de aumento do poder de compra do consumidor ao longo do ano.

Reportagem de Carolina Ercolin

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