Possível recusa do acordo do Brexit pode resultar em adiamento e eleições gerais

  • Por Jovem Pan
  • 18/10/2019 09h52
ANDY RAIN/EFE ANDY RAIN/EFE Uma eleição neste ambiente altamente dividido e histriônico que o Reino Unido vive é imprevisível

O governo britânico faz as contas para saber se vai conseguir ou não aprovar na Câmara dos Comuns o acordo fechado com a União Europeia.

Em tese, entregar o Brexit no dia 31 de outubro depende de um resultado favorável para Boris Johnson – só que o cenário não é nada promissor.

Para passar o acordo do Brexit, o governo vai precisar de 320 votos favoráveis. Hoje os conservadores somam apenas 287 votos – e isso num cenário pouco provável em que nenhum parlamentar desobedeça Johnson.

O partido unionista da Irlanda do Norte, que soma 10 cadeiras e faz parte da sustentação do governo, já disse que não irá apoiar o acordo. O partido está insatisfeito com a solução encontrada de criar uma barreira alfandegária no mar da Irlanda colocando o país mais próximo do bloco europeu que o resto do Reino Unido.

Na prática, esta é a principal diferença do acordo firmado por Boris Johnson em relação ao que a antecessora dele fez.

A oposição liderada pelo partido trabalhista também já indicou que não irá apoiar o acordo – assim como os liberais democratas. Para piorar a situação, centenas de milhares de manifestantes são esperados na praça do Parlamento para protestar contra o governo neste sábado (19).

Falando assim pode parecer que Boris Johnson sairá como o grande derrotado neste final de semana mas, como tudo que envolve o Brexit, a situação é mais complexa.

Na verdade, mesmo perdendo, o primeiro-ministro pode sair ganhando porque se o acordo for rechaçado é muito provável que uma nova eleição geral seja convocada e o Brexit adiado mais uma vez. Johnson não quer uma nova prorrogação, mas pode acabar obrigado a fazê-lo.

Em compensação, ele teria sua vontade de voltar às urnas realizada. Uma eleição neste ambiente altamente dividido e histriônico que o Reino Unido vive é imprevisível.

Os trabalhistas pretendem apresentar a possibilidade de um novo referendo separatista como principal bandeira de campanha.

A União Europeia, por sua vez, parece que vai dando corda para os britânicos se enforcarem.

Ontem, os líderes do bloco mudaram o tom e indicaram que podem sim ampliar o prazo de separação mais uma vez. Vários chefes de governo, inclusive o da República da Irlanda, indicaram que lamentam muito o Brexit e que as portas da União Europeia seguem abertas para os britânicos.

No final das contas o bloco vai perder bastante com esse divórcio.

Resumindo, o final desta novela está próximo, mas ainda é impossível prever as cenas dos próximos capítulos.

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