“Precisamos deixar de ver o trânsito como campo de batalha”, diz secretário
As mortes em acidentes de trânsito na cidade de São Paulo caíram 7% em 2017 na comparação com 2016. Segundo a CET, no ano passado, foram registrados 796 óbitos, contra 854 há dois anos.
Secretário municipal de Transportes de São Paulo, Sergio Avelleda disse em entrevista exclusiva à Jovem Pan que fica “satisfeito com a redução”, mas ao mesmo tempo “preocupado porque é muita gente”. “796 mortes que poderiam ser evitadas são 796 famílias enlutadas, que perderam seus entes queridos, e nos incentivam a trabalhar nessa direção (da diminuição do índice)”, disse.
Avelleda defendeu uma maior conscientização dos motoristas e uma “mudança de cultura”.
“As pessoas precisam deixar de ver o trânsito como campo de batalha”, disse o secretário. Avelleda disse que “é comum que uma pessoa calma, cordata, simpática, quando senta à direção de um automóvel, se transforma numa pessoa agressiva. Essa chave precisa ser desligada na cabeça das pessoas”, defendeu.
“A direção de um veículo é um movimento muito perigoso e precisa ser feito com calma, tranquilidade e sem pressa”, disse. “É preciso respeitar a legislação e principalmente respeitar o outro, ter a tolerância com o outro. Um ambiente desse é que leva também à redução de acidentes”.
“Países civilizados”
O secretário comparou as mortes no trânsito na capital paulista em relação ao Brasil. “O País mata 23 pessoas por 100 mil habitantes”, diz, mostrando que São Paulo “está bem se comparado com o resto do Brasil”.
O índice de fatalidade em São Paulo, que era de 7,07 mortes a cada 100 mil habitantes, passou para 6,56. O número está mais próximo da meta estabelecida pela ONU para a cidade, que é de 6 mortes a cada 100 mil habitantes.
Mas em relação a “países mais civilizados”, “estamos distantes”, afirmou Avelleda. “A Espanha matava seis há dez anos e hoje mata dois por 100 mil habitantes. A Suécia mata 1,2, o Japão mata 1,4”, comparou.
Cilclistas
Apesar da redução média, o total de ciclistas mortos em São Paulo subiu 23 por cento e chegou a 37 no ano passado.
Avelleda citou o aumento do uso da bicicleta na cidade de São Paulo. Além disso, o secretário pede para que o motorista aprenda a “respeitar” o ciclista, como um “aliado do trânsito”, pois “quanto mais bicicletas tiver no trânsito, menos engarrafamento, menos poluição e menos acidentes”.
“No trânsito, o que vale é ‘o mais forte protege o mais fraco’. O ônibus tem que proteger o carro, que tem que proteger a moto, que tem que proteger o ciclista, que tem que proteger o pedestre. Nós temos que criar essa cultura na cidade de São Paulo”, afirmou.
Ouça a entrevista completa com Sérgio Avelleda, que também falou sobre a regulamentação de transportes de aplicativos:
CET e Detran comentam
Em entrevista ao repórter Vitor Brown, o presidente da CET, João Octaviano Machado Neto, atribuiu a queda da violência no trânsito ao aumento da fiscalização. “Foi justamente fruto dessa política que o prefeito João Doria defende do trânsito seguro, e que tem uma série de requisitos que têm sido aplicados, como sinalização, educação para o trânsito, toda a parte de fiscalização, ação conjunta com o policiamento de trânsito”, citou.
O presidente da CET, João Octaviano Machado Neto, minimiza a alta nas mortes de ciclistas e cita o aumento da circulação de bicicletas na cidade.
Falando a Fernando Martins, o diretor-presidente do Detran São Paulo, Maxwell Vieira, ressalta a importância da conscientização dos motoristas.
“Todos esses acidentes poderiam ser evitados”, disse Vieira. Ele cita comportamentos simples que ajudam a diminuir as estatísticas de mortes no trânsito, como não utilizar o celular ao volante, utilizar o cinto de segurança também nos bancos de trás, respeitar os limites de velocidade e não misturar bebida e direção.
Segundo a CET, os dados sobre as mortes nas vias da cidade são baseados em informações dos Boletins de Ocorrência registrados pela Polícia Civil.
Ouça as outras autoridades:
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