Prefeito de São Bernardo repudia ‘atitude irresponsável’ da Ford de fechar fábrica na cidade

  • Por Jovem Pan
  • 21/02/2019 09h10 - Atualizado em 21/02/2019 09h10
Jovem Pan “Os trabalhadores e a cidade não podem ser responsáveis por uma empresa que não se modernizou, não lançou novos produtos", criticou o prefeito

A Ford anunciou nesta semana que encerrará suas operações da fábrica em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Com a decisão, a montadora deixará de atuar no segmento de caminhões. Entretanto, a marca continuará ativa com a fábrica de veículos em Camaçari, na Bahia. De acordo com nota da empresa, o fechamento da fábrica no ABC representa “um importante marco para o retorno à lucratividade sustentável das operações na América do Sul”. No entanto, o fechamento levaria a uma onda de demissões que chegariam a três mil funcionários e efeitos na receita do município.

Em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã, o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando, criticou a decisão unilateral da montadora e disse que nunca se negou a negociar para ver o que poderia ser feito para reverter o futuro fechamento.

“Nunca nos negamos a atender a montadora. Estive três vezes na Ford e os pleitos sempre foram atendidos. Você não consegue oferecer ajuda para quem não quer ajuda. Diferente da GM (General Motors), a Ford nunca se posicionou com esse tipo de atitude que considero irresponsável, porque são milhares de famílias que vivem dessa montadora (…) Considero lamentável e repudio veementemente”, explicou.

Orlando Morando afirmou que o “mínimo” que a Ford poderia ter feito era apresentar um plano de desmobilização da planta de São Bernardo do Campo, de modo que a cidade pudesse negociar e oferecer alternativas à montadora ou aos trabalhadores.

“Os trabalhadores e a cidade não podem ser responsáveis por uma empresa que não se modernizou, não lançou novos produtos. Isso poderia ser colocado à mesa para buscar alternativas”, ressaltou o prefeito. “Eu não me negaria a discutir o tema (…) Faltou investimento. A direção levou ao sucateamento da planta para levar ao seu fechamento depois?”, questionou.

No caso da GM, citado por Morando, a reivindicação era a carga tributária, enquanto a decisão da Ford vem da empresa no âmbito global. Mesmo assim, o prefeito pediu um “canal de comunicação” entre as autoridades brasileiras – governos municipal, estadual e até federal – e a montadora.

“Quando fui comunicado pela montadora dessa atitude, na mesma hora liguei ao governador João Doria e foi marcada uma reunião para hoje. Queremos abrir um canal para saber o que é possível reverter. Se eles desativarem a planta daqui, a de Taubaté fecha também, porque lá fabrica componentes e não veículos. Reagimos para poder frear essa decisão irresponsável respeitando o capital privado”, disse.

Na manhã desta quinta-feira (21), conforme antecipou a jornalista Vera Magalhães, o prefeito de São Bernardo do Campo, assim como o governador João Doria e o secretário de Economia do Estado, Henrique Meirelles, participam de reunião com a direção da Ford para tratar do assunto.

Confira a entrevista completa com o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando:

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