Presidente do Governo da Catalunha mantém referendo separatista para 1º de outubro
A Espanha vive uma grave crise nacional que se deteriorou muito nesta quarta-feira (20) após uma série de operações contra o referendo separatista da Catalunha. A votação está marcada para o dia 01 de outubro, mas ainda é incerto se ela irá ou não adiante.
O governo de Madri radicalizou depois da insistência dos governantes catalães de levar o processo adiante mesmo sem a autorização da justiça. 14 integrantes do governo regional foram presos. Cerca de 10 milhões de cédulas foram aprendidas. Prefeitos da Catalunha que estão colaborando com o referendo e até donos de gráficas que imprimem material relacionado à campanha separatista estão sendo ameaçados por processos e interrogatórios.
Uma grande mobilização de manifestantes ocorreu durante todo o dia de ontem em Barcelona a favor do referendo e os protestos contra as ações de Madri vararam a madrugada.
O presidente do governo regional da Catalunha, Carles Puigdemont, afirmou que Madri cruzou uma linha vermelha que separam os governos democráticos dos repressivos e que a autonomia da região foi de suspensa de fato.
Mesmo assim, Puigdemont ainda promete levar o referendo adiante no dia primeiro de outubro. O que a Europa tem se perguntado nas últimas horas é como a situação chegou a este ponto na Espanha e se ela pode se deteriorar ainda mais.
Os movimentos nacionalistas na Catalunha existem há décadas e voltaram a ganhar força depois da morte do general Franco nos anos 1970. A região ganhou poderes especiais nos anos 2000, mas a eleição em 2015 do atual governo, formado por uma coalizão de partidos separatistas, deixou claro que o processo de secessão ganhava novo fôlego.
O irônico é que as pesquisas apontam que a maior parte da população catalã não é a favor da separação. Mas o referendo foi aprovado por uma lei regional da Catalunha, ignorando a constituição espanhola e decisões judiciais tomadas na sequência. E essa lei determina que um estado independente deve ser declarado 48 horas após a proclamação dos resultados do referendo.
Como a mobilização pelo lado SIM é enorme, existe uma possibilidade grande dos resultados do referendo só refletirem esta opinião. Até porque os eleitores do NÃO em parte não reconhecem a legalidade do referendo e podem simplesmente não aparecer para votar.
O governo de Madri já deixou claro que vai até as últimas consequências para barrar o movimento separatista. Estruturalmente, o referendo já está bem ameaçado. A questão é ver se essas ações do governo central não vão mobilizar ainda mais os separatistas da Catalunha e trazer ainda mais adeptos para o lado deles.
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