Presidente do Einstein faz ressalva sobre cloroquina: ‘Não há evidência robusta’

  • Por Jovem Pan
  • 28/03/2020 09h39
SAULO ANGELO/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Estudos vêm sendo feitos para testar a eficácia da cloroquina

Sidney Klajner, presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, em entrevista ao Jornal da Manhã deste sábado (28), defendeu a quarentena, ao menos neste momento, e fez ressalvas quanto ao uso da hidroxicloroquina para o combate ao novo coronavírus.

Ele destacou que não há tempo para a criação de novas drogas e vacinas a tempo de conter a disseminação do vírus e tratamento dos casos mais graves. Por isso, a hidroxicloroquina foi apontada como uma possibilidade, já que alguns resultados apresentaram melhora.

“[Tratamentos com a cloroquina] já foram comprovados eficazes em outros tipos de virose, a hidroxicloroquina, que já foi usada em outros tipos de infecção viral, está sendo testada pelo fato de ser usada em doenças autoimunes, malária, ela é facilmente disponível, porém não há evidência científica robusta que indique seu uso nem em qual momento ela seria eficaz”, analisou.

Ele ainda destacou que, por seus efeitos colaterais, a utilização “deve ser feita com parcimônia e sob restrita orientação médica.”

Klajner reforçou a necessidade, neste momento, da quarentena horizontal: “Não existe outra forma de conter a disseminação e presença de casos graves que superem a capacidade do sistema de saúde. (..) A quarentena inicial é obrigatória para que o sistema de saúde se capacite, para que dilua o aparecimento de casos, permitindo até o teste de novos medicamentos e vacinas.”

“Ainda é cedo para falar sobre o achatamento da curva”, completou, ao falar sobre a necessidade de isolamento social por mais tempo.

Mesmo assim, o presidente do Einstein mostrou preocupação com a economia que, prejudicada, faz o índice de desemprego aumentar. Para isso, segundo ele, números que estão emergindo vão permitir aferir quanto tempo mais precisaremos ficar confinados e de que forma a quarentena vertical, apenas dos grupos de risco, pode ser feita no Brasil.

Boa notícia

Klajner contou que as histórias de recuperação no hospital são muito comemoradas pela equipe médica e que, mesmo diante da pandemia, é possível ver “o copo meio cheio”.

“O primeiro paciente que usava o ventilador saiu da respiração mecânica na nossa UTI. O que temos visto é um aumento do número de internações, até um pouco abaixo do que esperávamos, e o mundo relatou uma necessidade de 14 a 21 dias em UTI, mas temos vistos pacientes melhorarem de forma mais rápida. Tem a ver com epidemiologia, idade, e outros fatores”, explicou.

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