Principal assessor de Boris Johnson furou a quarentena no final de março no Reino Unido

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 25/05/2020 07h48 - Atualizado em 25/05/2020 08h51
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EFE/EPA/ANDY RAIN A justificativa de Cummings não colou porque o governo sempre insistiu que os contaminados não saíssem em nenhuma hipótese

Pode parecer pouco para quem está habituado a tanta falta de decoro e inadequação ao serviço público que viraram praxe no governo do Brasil, mas o governo britânico também está enfrentando uma crise interna séria neste momento por conta do comportamento de seus integrantes.

O principal assessor do primeiro-ministro Boris Johnson, uma das figuras mais controversas da política do Reino Unido, é a bola da vez. Dominic Cummings foi flagrado furando a quarentena no final de março e o caso veio a público nos últimos dias.

O estrategista do gabinete conservador não respeitou as ordens do próprio governo de ficar em casa e viajou com a esposa e filhos para a residência de campo da família dele no interior da Inglaterra.

O caso revelado pelos jornais The Guardian e Daily Mirror desencadeou uma série de críticas e pedidos pela demissão de Cummings. O assessor de Boris alegou que fez a coisa certa e insistiu que não irá se demitir do governo.

A justificativa é que tanto Cummings quanto a esposa estavam contaminados com o coronavírus e foram para a casa dos pais dele para que os filhos do casal pudessem ficar com os avós.

A história não colou porque o governo sempre insistiu que os contaminados com o coronavírus não devem sair de casa em nenhuma hipótese — a não ser para receber tratamento no hospital.

Boris Johnson participou da coletiva diária de seu gabinete ontem, em pleno domingo, para defender o assessor — que também é o grande mentor da campanha a favor do Brexit. Mas as explicações viraram piada e o caso segue dominando os jornais.

A crítica mais evidente é que a controvérsia é uma distração em meio a pandemia e que Cummings deve ser demitido imediatamente, mas o fato é que não estamos falando de um simples assessor. Toda a estratégia eleitoral que levou Boris Johnson ao poder foi desenhada por Dominic Cummings.

Ele, inclusive, é acusado de ser um dos responsáveis por defender a estratégia de imunidade de rebanho que o país tentou adotar no início da pandemia.

Outros dois integrantes de governo — uma na Escócia e outro no Reino Unido — já foram demitidos ao serem flagrados furando as regras de quarentena por aqui.

No Reino Unido costuma ser muito baixa a tolerância para os chamados padrões duplos — quando o povo recebe uma instrução e a elite faz outra coisa. Cummings é uma figura de peso imensurável para o governo Johnson, mas a pressão pela queda dele parece equivalente neste momento.

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