Procurador diz que Lava Jato não sofre com contingenciamento e critica fala de ministro
O ministro da Justiça, Torquato Jardim, admitiu que por conta da restrição orçamentária, as ações da polícia Federal poderão ser prejudicadas e que cabe à própria entidade definir suas prioridades. O orçamento da PF sofreu um contingenciamento de R$ 400 milhões no início do ano. R$ 170 milhões já foram desbloqueados e daqui até o final do ano a recomposição mensal deverá ser de mais R$ 70 milhões.
Com relação à Operação Lava Jato, o ministro mais uma vez garantiu que defende as ações. Segundo ele a operação está blindada, não há risco de interferências indevidas.
Questionado se a Lava Jato corre algum risco, o procurador da força-tarefa da operação, Deltan Dallagnol afirmou, em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã, que não há diminuição de recursos para as investigações, mas a contenção de despesas no Ministério Público Federal como um todo, assim como o que acontece na Polícia Federal.
“Lava Jato é prioridade e decidiu-se, dentro da instituição, priorizá-la. Mas não é o que vemos acontecer dentro da Polícia Federal. Embora o ministro [da Justiça] apoie a Lava Jato com palavras, as atitudes divergem. O que vimos acontecer nos últimos meses foi a redução do número de delegados a menos da metade a um ponto que não tinha como sobreviver a estrutura do Paraná. Julgamos as intenções melhor que pelas palavras e pelos atos. E o que os atos dizem é que essas pessoas não querem a Lava Jato continuando”, criticou Dallagnol.
Prisão de Aldemir Bendine
Para o procurador da Lava Jato, a constatação de recebimento de ilícito por parte do ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil Aldemir Bendine, que levou à sua prisão nesta quinta-feira (27) na 42ª fase da Lava Jato, é algo “assustador e indignante”.
“Bendine foi colocado lá para enfincar a corrupção. Era a raposa cuidando do galinheiro”, disse o procurador.
Para Dallagnol, a prisão de Aldemir Bendine era essencial para que não se perpetuassem os crimes: “isso nos torna ainda mais convictos de que se queremos estancar esses crimes, nós precisamos aplicar o remédio duro, amargo, que é a prisão”.
Confira a entrevista completa:
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