Procuradora acredita ser difícil que Lava Jato siga o mesmo rumo da Operação Castelo de Areia
A suspeita de que juiz teria recebido propina para barrar a Operação Castelo de Areia é motivo para a suspensão da destruição das provas da investigação.
A Justiça Federal atendeu ao pedido da Ministério Público Federal, depois que, em negociação de delação premiada, o ex-ministro Antonio Palocci afirmou que o ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça, Cesar Asfor Rocha, recebeu R$ 5 milhões em suborno da Camargo Corrêa para barrar a operação.
Deflagrada em 2009, a Castelo de Areia apurou o envolvimento da construtora em desvios de dinheiro de obras públicas. Mas em 2011 o STJ considerou ilegais as provas produzidas a partir de escutas telefônicas.
A procuradora da República, Karen Kahn, afirmou que o rumo da Castelo de Areia pode mudar diante da suspeita de pagamento de propina: “a decisão da Justiça veio em resposta a um pedido do MPF no sentido de acautelar essas provas enquanto fossem produzidas as informações no âmbito da colaboração premiada que estaria ocorrendo”.
As provas, que estão lacradas em duas caixas de papelão, se referem a 16 obras em todo o País.
Os investigadores que trabalhavam na operação dizem que, se a Castelo de Areia não tivesse sido interrompida, pelo menos 80 pessoas seriam suspeitas.
Sobre o risco de a Operação Lava Jato seguir o mesmo rumo que tomou a Castelo de Areia, a procuradora da República, Karen Kahn, acredita ser muito difícil, já que as instituições hoje estão mais maduras: “a Lava Jato alcançou patamar de investigação e colaboração que tornou a operação muito robusta, muito íntegra, diferentemente do que aconteceu com a Castelo de Areia”.
As provas seriam destruídas no dia 23 de agosto, mas foi desmarcado após pedido de vista da Procuradoria da República. O descarte do material fica suspenso por seis meses.
*Informações da repórter Natacha Mazzaro
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