Produção de veículos recua 13,6% em 2022 na comparação com 2021
Apesar do cenário e da elevada inflação, presidente da Anfavea fala em demanda reprimida por compra de veículos
A produção de veículos recua 13,6% nos quatro primeiros meses de 2022 na comparação com o mesmo período do ano passado. O setor justifica a queda pela falta de peças e paralisações forçadas nas fábricas. Em abril, a produção de veículos cresceu 0,4% sobre março, 185 mil unidades. Na comparação com 2021, houve uma queda de 2,9%. Nos quatro primeiros meses do ano, as fábricas finalizaram 681 mil veículos no Brasil. O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio Lima, confia que existe uma demanda reprimida do Brasil e descarta um tombo nas vendas pelo cenário econômico de inflação elevada, alta de juros e carros bem mais caros aos consumidores.
“Se nós tivéssemos numa situação em que a capacidade de produção fosse maior e o mercado, consequentemente, teria sido maior, talvez ficasse mais evidente essa perda do poder aquisitivo da sociedade como um todo e do aumento da taxa de juros. Hoje tem um impacto, a gente acompanha esse impacto dia a dia, buscando entender o perfil do consumidor, buscando entender os segmentos mais impactados, mas isso hoje ainda não nos faz repensar o nosso futuro para este ano, para este encerramento”, diz Lima.
A menor oferta do carro zero quilômetro fez com que os usados e seminovos fossem valorizados. E o proprietário teve uma surpresa quando ele recebeu o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). Em São Paulo, por exemplo, o aumento médio foi de 30% em 2022. O proprietário pode até ficar animado, já que o carro está valendo mais. Mas, quando ele vai à concessionária se assusta com o valor agora cobrado pelo veículo zero quilômetro. Se o proprietário fizer as contas do financiamento para comprar esse veículo zero, ele acaba não saindo com o carro da loja.
“Imagina adquirir um veículo usado com 30% ao ano de taxa de juros. Então, um prazo médio de financiamento, entre 30 e 40 meses, nós estamos falando de uma taxa realmente pesada, com o preço automóveis, que também foram impactados pela inflação. Então, é uma equação precisa ser colocada nesse contexto e um dos pontos que a gente tem discutido sim, o setor com o governo federal. E todos têm debatido isso de uma forma muito transparente, pró-país, no sentido de incrementar essa indústria”, comentou Lima.
*Com informações do repórter Marcelo Mattos
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