Profissionais de saúde relatam preconceito fora dos locais de trabalho
O cafezinho na padaria após longas horas em plantão era rotina para o casal de enfermeiros Welby Cavalcante e Regiane Almeida, que estão lidando diretamente com infectados pelo coronavírus.
Há cerca de duas semanas, o que era para ser uma manhã normal, se transformou em constrangimento. Os clientes acusaram os dois profissionais de poder transmitir o vírus e disseram que eles não deveriam estar na padaria. Welby conta que essa não foi a primeira agressão que ele e a esposa sofreram desde o início da pandemia.
O uniforme branco, que antes era motivo de orgulho para Welby, agora causa medo. Por causa de fatos como esse, o hospital em que ele trabalha, na capital paulista, ampliou os vestiários para que médicos e enfermeiros possam se trocar antes de sair às ruas.
Além de Welby e Regiane, outros colegas de profissão têm sofrido preconceito fora das unidades de saúde. Como é o caso da enfermeira Ednar Pereira, que trabalha em um hospital no ABC Paulista e já se sentiu humilhada no transporte público.
O Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren) já recebeu diversas denúncias de enfermeiros que foram hostilizados. Para a presidente do comitê de crise da covid-19 do Coren, Eduarda Ribeiro, culpar e constranger profissionais de saúde neste momento é inaceitável. Ela ressalta que toda agressão deve ser denunciada.
Para a presidente do Sindicato dos Enfermeiros do estado de São Paulo, Solange Caetano, os profissionais que estão na linha de frente do combate à doença merecem respeito. Já o Sindicato dos Médicos de São Paulo ressalta que atitudes de violência contra profissionais da saúde devem ser repudiadas.
Segundo o diretor do Simesp, Erivalder Guimarães, médicos e enfermeiros que estão salvando vidas em meio à pandemia devem ser aplaudidos e não discriminados.
*Com informações da repórter Letícia Santini
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