Provas da JBS sobre propina a políticos e partidos somam mais de R$ 1 bilhão
As provas da JBS sobre o pagamento de propina a políticos somam mais de R$ 1 bilhão e darão munição concreta à Procuradoria-Geral da República seguir com as investigações sobre diversos políticos. Dentre eles, o presidente Michel Temer.
Os documentos publicados pela revista “Época”, no fim de semana que antecede a volta do recesso em Brasília, mostram como a empresa organizava as planilhas com a contabilidade. Tudo faz parte do material que a JBS entregará à PGR como parte do acordo de delação.
A reportagem dividiu os pagamentos por núcleos: o de Michel Temer teria recebido R$ 21,7 milhões. Dinheiro distribuído para aliados políticos e amigos em campanhas eleitorais ou fora delas. Desse valor, R$ 1 milhão foi repassado em dinheiro vivo ao coronel João Batista Lima, amigo de Temer, a pedido do então vice-presidente.
Como já disse, inclusive, o lobista Ricardo Saud, da JBS, em delação: “o Temer me deu um papelzinho e disse ‘ó Ricardo, tem um milhão que quero que você entregue em dinheiro neste endereço aqui’”.
A reportagem mostra uma nota fiscal, emitida pela empresa do publicitário Elsinho Mouco, que registra serviços de planejamento estratégico de comunicação.
Essa nota seria fria e teria sido usada para justificar a entrega de R$ 1 milhão para Michel Temer, segundo delatores. Elsinho é até hoje o publicitário de Temer.
Fora isso, cinco ministros do Governo receberam quase R$ 50 milhões.
Para outro núcleo, o do Centrão, foram R$ 138 milhões, sempre usados nas campanhas eleitorais de 2010 e 2014 para comprar partidos, que hoje defendem Temer no Congresso.
Para o PMDB do Senado, mais R$ 29 milhões, divididos por cinco senadores da cúpula do partido. Um deles seria o atual presidente do Senado, Eunicio Oliveira.
Para o PMDB da Câmara, outros R$ 55 milhões. R$ 50 milhões só para Eduardo Cunha.
As cifras continuam impressionando quando a revista menciona o PT.
Neste núcleo foram repassados US$ 151 milhões de dólares no exterior e R$ 111 milhões no Brasil – dinheiro de propina paga em troca de financiamentos à empresa, obtidos no BNDES. O montante foi usado na campanha à reeleição de Dilma em 2014.
A revista também revela repasses feitos a pedido do ex-ministro petista Antonio Palocci.
Para o PSDB, foram repassados R$ 42 milhões, nas campanhas de 2010 e 2014. Os senadores José Serra e Aécio Neves, além do secretário municipal de SP, Julio Semeghini, estão entre os principais beneficiados.
Agora, foi notada uma diferença importante na rotina de pagamentos da Odebrecht e da JBS: poucos funcionários de Joesley e Wesley Batista centralizam o controle e os repasses. Não havia um departamento, como na construtora. E todos fizeram acordos de delação.
A reportagem cita Florisvaldo de Oliveira, que teria levado pessoalmente R$ 1 milhão em notas de R$ 50 a coronel Lima, o faz-tudo de Temer. Além de Demilton de Castro, encarregado das planilhas, como já admitiu aos procuradores.
O material que será entregue à Procuradoria-Geral da República nas próximas semanas para complementar as delações da JBS tem potencial explosivo às vésperas de a Câmara dos Deputados analisar uma denúncia contra Michel Temer.
As defesas dos envolvidos na reportagem da revista negam qualquer envolvimento.
*Informações da repórter Carolina Ercolin
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.