‘Queda de braço não é boa para o país’, diz deputada sobre pressões para reforma ministerial
Em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã desta sexta-feira, 1º, Adriana Ventura (Novo-SP) também ironizou o aumento no número de pastas para ‘acomodar interesses’
O anúncio formal da reforma ministerial do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue sem previsão para acontecer. Os deputados federais André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) são considerados como nomes certos para se tornarem ministros de Estado, em uma tentativa do governo de trazer o PP e o Republicanos para a base governista. O próprio vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) defendeu a entrada das siglas na base do governo Lula. “Eu sou favorável a que tanto o Republicanos quanto o PP participem efetivamente do governo. Acho importante. Nós temos no Brasil um quadro muito fragmentado que, com o tempo vai diminuir, com a cláusula do desempenho. Mas essa não é a realidade de hoje. Sou favorável. O presidente Lula sabe a hora e a maneira de formatar essa boa frente para a governabilidade em torno do projeto”, disse Alckmin. Sinalizações recentes de Lula dão indícios de que Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento Social, não deverá ser afetado pela reforma. A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, também afirmou não ter sido informada sobre possíveis mudanças.
Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, desta sexta-feira, 1º, a deputada federal Adriana Ventura (Novo-SP) falou sobre a reforma ministerial, dizendo que o presidencialismo de coalizão acaba com um lado sendo refém do outro e afirmando que a queda de braço envolvendo as pastas não é boa para o Brasil. “Presidencialismo de coalizão sempre acaba com um lado refém do outro. Para aprovar alguma coisa, você precisa dar outra em troca. Isso é uma coisa que vem de vários governos, é uma sistemática. […] Nesse aumento de ministérios do governo Lula, estamos chegando a quase 40, é uma completa aberração. É tudo para acomodar interesses. Agora, acontece que nem sempre o que é oferecido interessa. Fica aquela coisa: pressiona, não põe para votar projeto que é de interesse de governo, ai oferece um ministério, mas não é tão bom porque querem outro. Até tirar deputado de CPI de MST, tudo é pressão em cima do governo. É uma queda de braço. Passou do limite. Na minha visão, tem limite para tudo, mas essa queda de braço não é boa para o país”, afirmou Adriana, que continuou, ironizando o aumento de ministérios. “Daqui a pouco vão criar o Ministério da Compra de Móveis e Ministério das Viagens do Presidente para acomodar todo mundo”. Por fim, a deputada completou, afirmando que governos por coalizão são “uma eterna compra de apoio”. “Às vezes você dá o Ministério, mas tem todo um dia a dia, tanto de liberação de emendar quanto de liberação de cargos. Infelizmente, quando falamos de presidencialismo por coalizão, estamos falando disso. É uma eterna compra de apoio. Um eterno ‘toma lá da cá’. Sempre tem alguém descontente. Você agrada um partido e desagrada outro”, concluiu a parlamentar.
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