Queda do Muro de Berlim completa 30 anos no próximo sábado
A Guerra Fria teve início logo depois de uma herança geopolítica da 2ª Guerra Mundial, com uma intensa disputa econômica, diplomática e ideológica que dividiu o mundo em blocos de influência.
Liderados pelos Estados Unidos, que assumiu o mundo capitalista, e pela União Soviética – no comando do mundo comunista – mundo se viu sob a ameaça constante de uma guerra nuclear que dividiu a Europa em duas.
A União Soviética assumiu o comando do leste europeu, tendo sob o seu controle Hungria, Polônia, Bulgária, Tchecoslováquia, Romênia e Alemanha, dividida também em duas – a DDR, República Democrática Alemã, e a Alemanha Ocidental.
Assim nascia a Cortina de Ferro que colocava do lado oriental da Alemanha a sua capital, Berlim, dividida também em socialista e capitalista. A intenção de construir um muro que separasse fisicamente o lado oriental do ocidental era segredo guardado “a 7 chaves” por Walter Ulbricht, então líder da DDR.
Embora tivesse negado para um jornalista a existência de um plano para a construção do muro, Ulbricht já havia feito um pedido durante uma conferência do pacto de Varsóvia para bloquear as fronteiras de Berlim ocidental, incluindo a interrupção de todas as linhas de transporte público e a implementação de controle policial efetivo.
O Muro
Na madrugada do dia 13 de agosto de 1961 as forças armadas bloquearam as conexões de trânsito para Berlim ocidental e, em operação relâmpago, 254 homens para cada quilômetro ao longo de uma extensão de 160 km, do dia pra noite, cercaram Berlim oriental com arame farpado.
No dia seguinte, seis companhias de várias unidades policiais formaram um verdadeiro cordão humano para conter uma multidão que protestava a apenas 100 metros do lado ocidental da cidade com cartazes que sinalizavam que “Havia apenas uma Alemanha” e que “A Alemanha continuava sendo alemã”.
Em alemão, as frases “Es gibt ein Deutschland” e “Deutschland bleibt Deutch”.
As ruas se transformaram em fronteiras físicas, políticas e psicológicas. Quem estava do lado oriental era impedido de se aproximar do extenso bloqueio de arame farpado. Os alemães do lado ocidental não tinham mais acesso ao lado oriental da capital alemã.
Casas construídas nas proximidades das fronteiras foram destruídas para facilitar a visão dos policiais que vigiavam, em torres de observação, a movimentação das pessoas e as prováveis tentativas de fuga do lado oriental para o lado ocidental do muro.
Ironicamente, o primeiro alemão a fugir para Berlim ocidental não foi um civil. Foi um daqueles soldados armados que guardavam um dos postos de controle da capital sitiada.
Conrad Schumman
No dia 15 de agosto de 1961, o soldado Conrad Schumann foi enviado para patrulhar a esquina da Bernauer Strass durante o 3º dia da construção do Muro e, nesse ponto, somente um arame farpado separava o lado oriental do ocidental.
Do outro lado, os alemães do lado oeste da cidade gritavam – instigando o jovem soldado, de 19 anos, a saltar a barreira.
Schumann jogou no chão a sua metralhadora, saltou a barreira de arame farpado e, como em uma cena de filme, foi imediatamente resgatado e retirado do local pela polícia de Berlim ocidental.
O fotógrafo Peter Leibing fez a foto do icônico salto de Schumann – também gravado em vídeo – que se tornou mais um entre tantos outros símbolos da Guerra Fria.
*Com informações do repórter Alex Ruffo
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