Maia: ‘Quero saber qual Paulo Guedes prevalece: o durão ou o flexível’

  • Por Jovem Pan
  • 17/06/2019 09h48 - Atualizado em 17/06/2019 10h40
Cassiano Rosário/Estadão Conteúdo O presidente da Câmara dos Deputados criticou a postura do ministro em relação à demissão de Joaquim Levy

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou em entrevista ao Jornal da Manhã desta segunda-feira (17) que ficou surpreso com o apoio do ministro da Economia, Paulo Guedes, à demissão de Joaquim Levy da presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O parlamentar disse que Guedes “entregou a cabeça de um aliado seu”, já que a indicação de Levy foi feita pelo próprio ministro.

Apesar do desconforto em relação a mais uma baixa no governo de Jair Bolsonaro, Maia acredita que a demissão não deve alterar a agenda da reforma da Previdência dentro da Câmara. Segundo ele, a tramitação deve continuar acontecendo normalmente.

Ainda sobre o texto, o deputado afirmou que “apesar de sua grande admiração por Guedes”, ele “não consegue acreditar” no que o ministro disse na última sexta-feira (14), em referência à fala de Guedes de que o relatório da nova Previdência apresentado pelo relator Samuel Moreira (PSDB-SP) e aprovado naquela semana “abortava” a reforma.

Na data, o ministro criticou a retirada de pontos polêmicos, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), a aposentadoria rural e a capitalização do texto. De acordo com ele, dessa forma, o regime de aposentadorias ficaria semelhante ao já em vigor. Para Maia, a fala de Guedes sobre o relatório representa uma falta de flexibilidade que ele não demonstrou com a reforma das Forças Armadas.

“Quero saber qual Paulo Guedes prevalece”, perguntou Maia. “O durão com o relatório da Câmara ou o flexível, com o presidente Jair Bolsonaro, que encaminhou um projeto mais leve aos militares”, continuou.

Ele lembrou que não é contra o texto para os militares, mas que ele poderia ter sido discutido para gerar mais economia aos cofres públicos. “É muito fácil criticar o que os outros fazem e não olhar para o próprio umbigo”, comentou, afirmando que a transição das Forças Armadas é um equívoco.

O presidente acrescentou, ainda, que a reforma está sendo construída pela Casa, e não pelo governo. Segundo ele, é a Câmara que está escutando aos apelos dos parlamentares e da sociedade. “Nós fizemos o que foi possível para aprovar a reforma. Esse relatório do Samuel Moreira é da Câmara dos Deputados. Foi construído através de uma capacidade dele muito grande de diálogo, de ouvir deputados, a sociedade, então de fato é um relatório da Câmara, sendo construído pela Câmara”.

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