Radar apontou deformação em barragem de Brumadinho 11 dias antes do rompimento

  • Por Jovem Pan
  • 02/07/2019 08h03 - Atualizado em 02/07/2019 10h01
Cadu Rolim/Estadão Conteúdo Bombeiro trabalha em Brumadinho A barragem de Brumadinho rompeu no dia 25 de janeiro desse ano e deixou 246 mortes; 24 corpos ainda seguem sem identificação ou desaparecidos

Deputados Assembleia Legislativa de Minas Gerais ouviram nesta segunda-feira (1) dois funcionários da mineradora Vale na CPI que investiga a tragédia de Brumadinho.

O operador de radares da empresa, Tércio Costa, afirmou que um radar monitorava a movimentação da Barragem da Mina Córrego do Feijão e identificou deformações em uma área de quase 15 mil metros quadrados, 11 dias antes da tragédia.

Segundo ele, esta foi a maior movimentação registrada pelo equipamento. Medições anteriores teriam mostrado um padrão de deformidade em áreas de cerca de 200 metros quadrados.

Tércio afirmou que o radar capturava as informações de movimentação da barragem e enviava para um computador e que, posteriormente, transformava os dados em gráficos.

O operador de radares declarou ainda que as informações sobre as deformações foram enviadas no dia 18 de janeiro aos seus superiores, que responderam afirmando que outros instrumentos de monitoramento apontavam normalidade

Tércio Costa disse que nenhum superior pediu revisão dos dados, mas confirmou a existência de um mapa de deformações com os dados do dia do rompimento, que estaria em posse de executivos da Vale

A CPI também ouviu o gerente de Planejamento da Vale, Tales Bianchi, que teria confiscado o notebook de Tércio com as informações sobre o monitoramento

Tales confirmou que solicitou o notebook a Tercio no dia 30 de janeiro a pedido da Polícia Federal, para quem o aparelho acabou sendo entregue

O relator da CPI, deputado André Quintão, do PT, concluiu que o rompimento poderia ter sido evitado. Os deputados entenderam que Tercio fez seu trabalho ao repassar as informações para seus superiores, mas que a diretoria da Vale tem total responsabilidade pela tragédia.

Em nota, a Vale afirmou que “o radar era utilizado em conjunto com as demais ferramentas de monitoramento da barragem, sendo um instrumento complementar de verificação”. A empresa ainda disse que “o radar estava operando em modo de teste para futura utilização”.

Nesta terça-feira (2), o relator da CPI que investiga a tragédia de Brumadinho no Senado, deputado Carlos Viana, vai apresentar relatório final que vai pedir o indiciamento de 14 pessoas, entre elas, executivos da Mineradora Vale;

A barragem de Brumadinho rompeu no dia 25 de janeiro. Duzentas e quarenta e seis mortes foram confirmadas até o momento. Outros 24 corpos seguem sem identificação ou ainda não foram encontrados.

*Com informações da repórter Victoria Abel

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