Reconstrução da Catedral de Notre-Dame implica perda de sua originalidade, diz especialista
O presidente francês colocou como uma das metas de seu mandato a reconstrução da Catedral de Notre-Dame, vítima de incêndio nesta segunda-feira (15). O desafio agora fica por conta de tal reconstrução e da perda de originalidade.
Em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã, a professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Roseli D’Elboux, alertou para essa preocupação com a perda da originalidade da catedral.
“O desafio é a questão de se perder a originalidade ou recuperar uma eventual originalidade. Há perda e claro que a população, francesa e mundial, gosta muito desta catedral e estão na vontade de que ela volte ao seu estado anterior. Mas é difícil, porque se a gente for ver do ponto de vista do restauro, há essa questão”, disse.
Segundo a especialista, é preciso equalizar a vontade popular de restaurar a originalidade do Notre-Dame com o critério arquitetônico profissional: “tem que medir até que ponto isso não vai criar uma arquitetura ‘fake’”.
Apesar da grande quantidade de registros da Catedral de Notre-Dame, a agulha que foi atingida pelo incêndio, por exemplo, é do século 19. “E aí fica a questão, se retoma isso ou se faz algo em que fique registrado o momento do incêndio e de que agora será uma peça do século 21. Ter registro é uma vantagem, mas tem que ter debate e pensar como reconstruir isso”.
Na opinião de Roseli D’Elboux, a intervenção deveria ser feita de modo a sinalizar que a estrutura da agulha é do século 21. “Tem que marcar a história da igreja. A arquitetura gótica não é feita em poucos anos. A reconstrução do telhado e da agulha tem que sinalizar a reconstrução ao longo do tempo”, finalizou.
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