Recorrer ao FMI era a melhor opção para a Argentina, diz especialista
Gustavo Segré, consultor em Comércio Exterior, sócio do Center Group, professor da Universidade Paulista e especialista na economia da Argentina, falou ao Jornal da Manhã desta quarta-feira (9) da decisão do governo de Mauricio Macri de recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para tentar impedir a desvalorização cambial.
“É uma prevenção”, explica Segré. “O governo Macri está fazendo um ataque especulativo importante”, disse. O consultor lembra que houve uma saída muito drástica de fundos de investimento do país vizinho no momento em que os EUA estavam aumentando a taxa de juros.
“O governo Macri não tinha outra opção”, avalia. “Os US$ 30 bilhões servem para pagar todas as dívidas até o final do governo Macri”. E o FMI é o melhor dos caminhos para empréstimos. De acordo com Segré, o país sul-americano conseguiria no mercado tomar dinheiro a taxas de cerca de 8% a 9%, sendo que o Fundo Monetário oferece taxas mais baratas, de 4% a 5% ao ano.
Além disso, o especialista avalia como uma “boa notícia” as contrapartidas que o FMI deve exigir do governo argentino, como medidas pró-ajuste fiscal.
Já os efeitos políticos para o governo de Mauricio Macri deverão ser ruins, pondera o professor. O presidente argentino tenta aprovar aumento de impostos no Congresso do País e está com a reprovação aumentando.
Para Segré, o fato de a política econômica da Argentina ser “conduzida por várias pessoas” também atrapalha a retomada no país. “O capitão do navio tem que ser um”, diz.
Outra causa estrutural que desestabiliza as finanças da nação vizinha, diz Segré, é a falta de diferenciação entre política de Estado e política de governo. O analista observa que, seja quem for a oposição, ela nega a aprovação de medidas importantes para o País. “Há 70 anos a Argentina está com dificuldades econômica e nenhum governo conseguiu mudar a proposta”, afirmou.
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