Regulamentação do setor de games pode avançar no Congresso e divide opiniões
O Senado Federal pode avançar, ao longo deste ano, sobre um projeto que tem gerado polêmica: o que regulamenta os chamados jogos eletrônicos, prática conhecida como e-sport.
A proposta em análise enfrenta forte resistência da chamada comunidade gamer, que, além de alegar não ter participado do processo de construção do projeto, questiona a real necessidade de a atividade ser regulada no país.
De fato, há uma tendência de que a interferência do Estado engesse o crescimento do setor, que gera empregos e aquece a economia. Mas há, também, uma preocupação muito grande em relação a violência presente em alguns dos jogos utilizados em competições e a submissão a confederações criadas para organizar os esportes eletrônicos.
O projeto em discussão no Senado, inclusive, exclui jogos considerados violentos, como os de tiro, da categoria de e-sports. Isso quer dizer que, se essa ideia for incluída no texto, os atletas que disputam campeonatos não terão o trabalho reconhecido pela legislação.
Para os gamers, a medida pode isolar o Brasil de competições internacionais; já para alguns senadores, os jogos de tiro influenciam ataques como o massacre de Suzano — ocorrido em março do ano passado. Além disso, há uma questão econômica que precisa ser avaliada antes de se interferir no setor.
Em 2018, os games se tornaram globalmente mais lucrativos que a indústria cinematográfica e a indústria musical combinadas: foram US$ 138 bilhões em receita ao redor do mundo.
Só o mercado brasileiro movimenta cerca de US$ 1,5 bilhão por ano e, por aqui, tem a terceira maior audiência cativa de esporte eletrônico no mundo — ficando atrás apenas da China e dos Estados Unidos.
O fato é que, diante da polêmica e da ciência de que o texto precisa ser melhor debatido, os senadores decidiram realizar audiências públicas sobre o tema antes de levar o projeto ao plenário.
*Com informações do repórter Antônio Maldonado
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