Relator da Previdência diz que era ‘quase impossível’ não amenizar regras para policiais: ‘Bancada da bala tem 102 deputados’
O relator da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, Samuel Moreira (PSDB-SP), disse nesta quinta-feira (18) que era quase impossível que a Casa não aprovasse, no primeiro turno da votação, as regras mais amenas para policiais. Em entrevista ao Jornal da Manhã, ele ressaltou que a “bancada da bala” tem um número grande demais de parlamentares e que, por isso, fica difícil contrariá-los.
“Temos uma bancada da bala, hoje, com 102 deputados. [A bancada] do o agronegócio tem mais de 200, os evangélicos com centenas de deputados, a das mulheres, tem 70. Então você tem fortes bancadas que resistem”, justificou.
Segundo Moreira, a suavização das regras previdenciárias para a categoria foi uma escolha pensada para que eles não ficassem com ainda mais privilégios. Ele explicou que, caso as idades mínimas não fossem baixadas de 55 para 52 (mulheres) e 53 (homens) anos, respectivamente, corria-se o risco de que os policiais continuassem sem idade mínima para se aposentar.
“Hoje, os policiais que se aposentariam com 43, 44, 42, vão ter que se aposentar com 52 e 53 e 100% de pedágio. Então houve um avanço, do ponto de vista de que eles vão trabalhar um pouco mais, mas eu gostaria que fosse com 55, porque é inadmissível uma pessoa, hoje, se aposentar com menos de 55 anos. Ninguém para de trabalhar antes disso”, afirmou.
Apesar de não ter gostado da decisão, o relator acredita que é mais importante enxergar o cenário como um todo. “O mais importante é avançarmos com a reforma. Não vamos conseguir a reforma dos sonhos de ninguém, tem realidade, são 27 partidos, nosso sistema é muito injusto, é difícil articular, conseguir maioria de 3/5”, disse. “Conseguimos alguns avanços. Agora, temos que cuidar para que não desidrate mais e que não tenha mais privilégios”, finalizou.
Estados e Municípios
Sobre a reinclusão dos estados e municípios na reforma, Moreira diz estar convicto de que a realização de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) paralela “é o melhor caminho”. Ele avalia que não existe a possibilidade, na Câmara, de se aprovar a reinclusão dentro do texto-base original da Previdência. “Mesmo que o Senado inclua e volte para a Câmara, dificilmente passará. O melhor caminho é uma PEC, para tratar desse assunto especificamente, para que possa haver debate específico sem contaminar toda a reforma da Previdência. Então você garante a reforma e discute esse assunto especificamente”, avalia.
Segundo ele, desta forma, há mais chances de se conseguir que estados e municípios façam a reforma. “É como o sistema de capitalização, nós tiramos, nada impede que governo mande PEC separada para ser discutida em outro momento, porque neste não passaria. Na volta, há chances reais. Os votos não estarão vinculados a outro tema, aí, é possível que inclusive deputados de oposição votem. O duro é na reforma, que você não tem a oposição e perde a base.”
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